Black Friday frustra mercado editorial e venda de livros cai 8,78% em novembro; preço médio sobe

Inflação de 8,11% segurou faturamento do setor, que diminuiu apenas 1,39%

Por Ruan de Sousa Gabriel — São Paulo


Livraria da Travessa, em Botafogo, no Rio Brenno Carvalho

Realizada no mês passado (e no meio de uma Copa do Mundo extemporânea), a Black Friday deste ano frustrou o mercado editorial brasileiro. Entre 8 de novembro e 5 de dezembro, foram vendidos 5,19 milhões de livros, 8,78% a menos do que no mesmo período de 2021 (5,689 milhões). O faturamento caiu 1,39%: R$ 213,78 milhões contra R$ 216,8 milhões no ano passado. Já o preço médio do livro subiu 8,11% e atingiu R$ 41,20. Os dados são do Painel do Varejo de Livros no Brasil, pesquisa mensal realizada pela Nielsen Book e divulgada, nesta quarta-feira (21), pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL).

Do janeiro até o início de dezembro, o faturamento do mercado editorial cresceu 7,56% (R$ 2,27 bilhões contra R$ 2,11 bilhões no ano passado). O aumento da venda de livros foi mais modesto: 2,64% (52,84 milhões de exemplares comercializados contra 51,48 milhões em 2021).

Presidente do SNEL, Dante Cid acredita que o ano terminará em "empate técnico". "Torna-se clara a desaceleração que vem ocorrendo ao longo de 2022, em vista da redução do poder de compra das famílias e da pressão dos preços dos insumos na cadeia produtiva. O único alento é que o ano-base de comparação foi excelente, o que suaviza a sensação deste 'empate técnico' entre a variação do faturamento e a inflação do período", disse, em nota. Em 2021, tanto a venda de livros como o faturamento dos setor cresceram mais de 29%.

Ismael Borges, gestor da Nielsen Book, afirma que, antes de afirmar que o mercado está em "desaceleração", é importante lembrar que a base de comparação é 2021, ano em que o setor se manteve atipicamente aquecido devido à retomada pós-pandemia. "Se por um lado a involução dos números de volume e valor 2022 passa uma ideia de um ano em desaceleração, um olhar cuidadoso nos faz lembrar que a dinâmica do ano base, ou seja, 2021 é resultado direto da retomada pós-pandemia, tornando a comparação desequilibrada, não só ao longo dos períodos, mas o próprio resultado total de cada ano nos leva a crer que alguma venda represada na pandemia aconteceu ao longo do ano base", explicou, também em nota.

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