Escritora americana que teria se suicidado em 2020 anuncia no Facebook que está viva

Autora independente, Susan Meachen teria tirado a própria vida por sofrer bullying dos colegas, que ajudaram a custear seu funeral e agora querem o dinheiro de volta


A escritora americana Susan Meachen, acusada de forjar a própria morte Reprodução

“Que a diversão comece.” Foi assim que a escritora americana Susan Meachen terminou um post no Facebook para informar que, diferentemente do que se acreditava, ela não cometera suicídio, mas continuava viva. O anúncio foi feito na última segunda-feira (2) em um grupo privado da rede social chamado The Ward, criado pela própria Meachen e que reúne escritores independentes americanos. “Debati milhões de vezes como faria isso”, escreveu ela no post, que não explica direito o que de fato aconteceu.

Em outubro de 2020, a conta da própria Meachen fizera um post no grupo para noticiar o suicídio da autora. À época, foi dito que o post havia sido escrito pela filha de Meachen. O texto sugeria que a autoria havia se matado devido a problemas de saúde mental causados pelo bullying que ela sofria na comunidade de autores independentes.

Após o anúncio, membros do grupo fizeram uma vaquinha para pagar o funeral de Meachen, organizaram uma antologia antibullying em sua homenagem e se ofereceram para editar, de graça, seu livro inédito.

Meachen é autora de 14 livros, como “Love to Last a Lifetime” (Amor para durar a vida toda) e “Losing Him and Finding You” (Perdendo ele e encontrando você). Segundo sua biografia na Amazon, ela vive no Tennessee, no sul dos EUA, com o marido de mais de duas décadas, dois gatos e quatro cobras.

O post em que afirma estar viva deixou mais perguntas do que respostas. Meachen dá a entender que de fato teria tentado cometer suicídio e que sua família optou por anunciar sua falsa morte para protegê-la. “Debati milhões de vezes como faria isso e ainda não tenho sei se isso é certo. Vai haver toneladas de perguntas e muita gente vai sair do grupo, eu imagino. Mas minha família fez o que eles achavam que era o melhor para mim e eu não posso culpá-los. Eu quase morri de novo pelas minhas próprias mãos e eles tiveram que enfrentar todo aquele inferno de novo. Voltar ao The Ward não significa grande coisa, mas estou bem agora e espero escrever novamente. Que a diversão comece”, diz o texto.

Num post no próprio perfil, a escritora Samantha A. Cole, que fora amiga de Meachen, disse que a autora rediviva continuou espionando o grupo The Ward mesmo depois de “morta”. Segundo Cole, um mês depois de “morrer”, Meachen criou o perfil falso TN Steele e entrou no grupo. Meachen era administradora do grupo, função que, após sua “morte”, foi assumida por sua assistente, Connie Ortiz. Em novembro de 2020, no entanto, Ortiz disse que devido a problemas de saúde na família não poderia mais administradar o grupo. Perguntou se alguém podia substituí-la. TN Steele se voluntariou. Cole não explicou como descobriu que TN Steele era, na verdade, Meachen.

Embora haja indícios de que Meachen tenha de fato enfrentado problemas de saúde mental e tentado tirar a própria vida, também existe a suspeita de que tudo não tenha passado de uma estratégia para promover o último livro da escritora, “Love to Last a Lifetime”. Tanto que alguns membros do grupo querem saber se receberão de volta o dinheiro doado para custear o funeral que nunca aconteceu.

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