Jabuti vai premiar autor estreante e investir na internacionalização da literatura brasileira

Vencedor da categoria Livro do Ano terá viagem paga à Feira do Livro de Frankfurt, maior balcão de negócios do mercado editorial

Por Ruan de Sousa Gabriel — São Paulo


As estatuetas do Prêmio Jabuti CBL

O Jabuti, o mais prestigioso troféu das letras brasileiras, vai premiar autores estreantes a partir deste ano. A categoria “Escritor Estreante” será incluída no eixo Inovação, que também engloba os prêmios de Fomento à Leitura e Livro Brasileiro Publicado no Exterior. O anúncio foi feito na manhã desta quinta-feira (27) pela Câmara Brasileira do Livro (CBL).

Só poderão ser inscritos na nova categoria escritores vivos que sejam os únicos autores de um romance. Obras escritas por duas ou mais pessoas serão vetadas. Autores de livros de poesia, contos e não ficção também não poderão concorrer. Os candidatos ao prêmio de Escritor Estreante estão proibidos de disputar as categorias de Romance Literário e Romance de Entretenimento. Contudo, poderão se inscrever nos prêmios de Capa, Ilustração e Projeto Gráfico, pertencentes ao eixo Produção Editorial (que também inclui o troféu de Tradução).

Curador do Jabuti, o editor Hubert Alquéres afirmou que a criação da categoria de Escritor Estreante tem o objetivo de permitir que os autores debutantes alcancem um público mais amplo, divulgar os nomes que fazem a nova literatura brasileira e incentivar mais pessoas a escrever.

Alquéres também disse que autores de não ficção, contos e poesia não serão contemplados na nova categoria porque isso exigiria a formação de um júri mais plural, composto por especialistas em diversos gêneros literários.

Passagem para Frankfurt

Também foram anunciadas mudanças na categoria Livro do Ano, a principal do Jabuti. O valor do prêmio foi reduzido de R$ 100 mil para R$ 70 mil. No entanto, o vencedor terá custeada sua viagem à Feira do Livro de Frankfurt, maior balcão de negócios da indústria do livro, para onde acorrem, todos os anos, editores do mundo inteiro em busca dos próximos best-sellers. O envio do autor a Frankfurt tem o objetivo de contribuir para a internacionalização da literatura brasileira. Os custos da viagem explicam a diminuição do valor do prêmio, segundo a curadoria. Os demais ganhadores levam uma estatueta e R$ 5 mil.

Concorrem a Livro do Ano todos os vencedores dos eixos Ficção (Conto; Crônica; Histórias em Quadrinhos; Infantil; Juvenil; Poesia; Romance de Entretenimento; Romance Literário) e Não Ficção (Artes; Biografia, Documentário e Reportagem; Ciências; Ciências Humanas; Ciências Sociais; Economia Criativa).

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Recentemente, críticos apontaram que o processo de escolha do Livro do Ano é “quase aleatório”. O vencedor dessa categoria não é indicado por um júri, mas é a obra que teve a maior nota entre os ganhadores dos eixos Ficção e Não Ficção. Em cada categoria, os livros são avaliados por três jurados que atribuem notas, de 7 a 10, a três critérios estabelecidos previamente pela organização do prêmio. Os critérios têm todos o mesmo peso.

Nos últimos anos, levaram o Jabuti de Livro do Ano títulos de poesia, como “Também guardamos pedras aqui”, de Luiza Romão (2022), e “Solo para vialejo”, de Cida Pedrosa (2020), e o infantil “Sagatrissuinorana”, de João Luiz Guimarães e Nelson Cruz, enquanto romances celebrados como “Torto arado”, de Itamar Vieira Junior, e “O avesso da pele”, de Jeferson Tenório, ficaram de fora.

As inscrições para o 65º Prêmio Jabuti começaram nesta quinta-feira (27), no site da CBL, e se estendem até 15 de junho. A data da cerimônia de premiação, tradicionalmente realizada em novembro, ainda não foi decidida. Também falta divulgar os nomes do conselho curador do prêmio e o Autor Homenageado desta edição. No ano passado, a homenageada foi a filósofa e feminista negra Sueli Carneiro.

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