O filólogo Ricardo Cavaliere foi eleito para a cadeira número 8 da Academia Brasileira de Letras, na tarde desta quinta-feira (27). Com 35 votos, contra dois do quadrinista Mauricio de Souza e um voto em branco, ele substitui a professora e escritora Cleonice Berardinelli, que morreu em 31 de janeiro, aos 103 anos.
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Graduado em Letras (1975) e Direito (1996), Cavaliere obteve os títulos de mestre (1990) e de doutor (1997) em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor aposentado da Universidade Federal Fluminense (UFF), é membro da Academia Brasileira de Filologia (área que se dedica ao estudo da língua por meio da análise histórica de documentos escritos). Também é membro de associações internacionais de linguística, entre elas a Société de Linguistique Romane e a Henry Sweet Society for the History of Linguistic Ideas. Entre os prêmios recebidos, estão a Medalha do Mérito Filológico da Academia Brasileira de Filologia (2018) e o Prêmio Celso Cunha da União Brasileira de Escritores (2015).
— A eleição para a Academia Brasileira de Letras é o ponto culminante na carreira de quem milita na área de Letras — afirma o novo imortal da ABL. — Pretendo cumprir um dos desígnios da Academia que á o cultivo da Língua Portuguesa. A ABL tem muitos projetos na área e é a interlocutora brasileira em questões linguísticas junto aos organismos internacionais.
Cavaliere diz que pretende se dedicar a projetos em curso na ABL, como o vocabulário da língua portuguesa e a elaboração de um dicionário.
— Tenho a intenção de me irmanar aos demais acadêmicos nos ciclos de conferências realizados pela Academia. A ABL tem sido bastante atuante em eventos culturais para o grande público. Nosso auditório tem estado cheio e bem frequentado. Já nesta terça-feira, iniciaremos um clico sobre o lado B dos escritores brasileiros, suas atividades secundárias — lembra Cavaliere.
O jornalista Merval Pereira, presidente da ABL, destacou a importância da presença dos filólogos na ABL.
— A função básica da ABL é cuidar da língua portuguesa. Então, é fundamental a gente ter grandes filólogos conosco. Nós já temos o maior de todos, Evanildo Bechara, e agora temos o Cavaliere que também é um dos maiores filólogos do país. E a gente tem um projeto em andamento, ainda muito incipiente, que é fazer um dicionário. Ele já será muito útil nessa questão — afirma.
Assim como na eleição de Heloisa Buarque de Hollanda para a cadeira 30, na quinta-feira passada, a votação que escolheu Ricardo Cavaliere para a cadeira número8 foi realizada em urnas eletrônicas do TRE. Vinte e três acadêmicos escolheram seu candidato eletronicamente, enquanto 14 o fizeram por carta.
— Foi rapidíssimo. Dessa vez, a gente votou na metade do tempo da eleição anterior. Está ocorrendo muito rápido — disse Merval.