Malásia retira-se da Feira do Livro de Frankfurt após cancelamento de prêmio para autora palestina

Cerca de 350 autores, incluindo ganhadores do Nobel, também manifestaram solidariedade a Adania Shibli

Por O GLOBO


Adania Shibli Divulgação

O Ministério da Educação da Malásia anunciou nesta terça-feira (17) que o país retirou-se da Feira de Frankfurt, maior encontro do mercado editorial no mundo. A decisão do governo malaio é uma reação ao cancelamento, pela feira alemã, da cerimônia de premiação do romance “Detalhe menor”, da palestina Adania Shibli.

Também se retiraram da Feira de Frankfurt a Associação Árabe de Editores, a Associação de Editores Emirates e a Autoridade do Livro de Sharjah. O evento está programado para o período entre 18 e 22 de outubro.

Entenda

Em comunicado divulgado na semana passada, a Litprom (associação literária alemã que concederia o prêmio) anunciou o cancelamento e acrescentou que a decisão foi tomada em conjunto com a autora. "Ninguém está no espírito de celebração no momento”, diz a nota. A agência que representa Adania Shibli, no entanto, afirmou ao jornal The Guardian que ela não concordou com o cancelamento da cerimônia e esperava aproveitar essa oportunidade para “refletir sobre o papel da literatura nestes tempos cruéis e dolorosos”.

Em seguida, o diretor da Feira de Frankfurt Juergen Boos declarou que planejava “dar às vozes israelenses e judaicas mais tempo em nossos palcos” na sequência da “guerra terrorista bárbara do Hamas” e expressou “total solidariedade do lado de Israel”. Na segunda-feira (16), o ministério malaio disse que a decisão de retirar-se da feira está “em linha com a posição do governo de ser solidário e oferecer total apoio à Palestina”.

Também na segunda-feira (16), cerca de 350 autores e editores, incluindo ganhadores do Prêmio Nobel de Literatura como Annie Ernaux, Abdulrazak Gurnah e Olga Tokarczuk, divulgaram uma carta em que afirmam que a Feira do Livro de Frankfurt tem “a responsabilidade de criar espaços para escritores palestinos compartilharem seus pensamentos, sentimentos e reflexões sobre literatura nestes tempos terríveis e cruéis, e não de silenciá-los”.

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