Mario Vargas Llosa deixará de publicar romances, mas promete escrever até morrer

'Le dedico mi silencio', nova ficção do Nobel de Literatura peruano, será também a última


Mario Vargas Llosa, ganhador do Nobel de Literatura, durante visita a São Paulo Edilson Dantas/Agência O Globo

Mario Vargas Llosa vai se aposentar. O escritor peruano e Nobel de Literatura anunciou que seu mais recente romance, “Le dedico mi silencio”, será também o último. O motivo? Falta de tempo. Ao jornal peruano El Mercurio, Vargas Llosa disse demorar entre três e quatro anos para escrever um romance. Aos 87 anos, ele suspeita que não lhe resta tanto tempo de vida. Mas faz um acréscimo: vai parar só de publicar, pois pretende continuar escrevendo até o fim.

“Ainda que acredite ser um Matusalém, não espero viver tanto. Terminei essa história, pela qual tenho muito carinho, mas seguirei escrevendo até o último dia de minha vida”, disse ao jornal peruano El Mercurio. “Agora, estou escrevendo um ensaio sobre (Jean-Paul) Sartre (1905-1980, filósofo francês), que teve muita influência em minha juventude.”

Em um posfácio a “Le dedico mi silêncio”, lançado na semana passada nos países de língua espanhola, o escritor afirma que o romance e o ensaio sobre Sartre serão seus últimos livros publicados. “Le dedico mi silencio” se passa no Peru e é protagonizado por um homem que sonhou um país unido pela música, mas enlouqueceu e se tornou incapaz de concluir seu livro. Vigésimo romance de Vargas Llosa, a obra é dedica a Patricia, sua ex-mulher, prima e mãe de seus três filhos, e será publicada no Brasil pela Alfaguara, selo da Companhia das Letras.

Um dos maiores escritores do continente, representante do chamado “boom” da literatura latino-americana, que exportou o realismo fantástico para todo o mundo, Vargas Llosa é autor de romances como “Tia Julia e o escrevinhador”, “Conversas na catedral” e “A guerra no fim do mundo” (sobre o conflito de Canudos).

Ao El Mercurio, o escritor peruano repetiu que a literatura é sua “vocação”. “E se alguém não se entrega a sua vocação, vive frustrado”, afirmou. “Sempre digo que as pessoas mais infelizes que conheci foram aquelas que não faziam o que gostavam.”

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