Clássico '1984', de George Orwell, foi o livro mais roubado na Rússia em 2023

Além de distopia sobre totalitarismo, títulos sobre parentalidade, infantis e contos de fadas também estão entre os preferidos dos ladrões


George Orwell com um microfone da BBC, em 1943 Effigie / Leemage via AFP

O clássico "1984", romance do escritor britânico George Orwell que descreve uma sociedade totalitária, foi o livro mais roubado das estantes da rede de livrarias russa Chitai-Gorod em 2023. Segundo o imprensa russa, 460 cópias do livro foram afanadas.

Ironicamente, "1984" também entrou na lista dos 10 livros mais vendidos na rede. Autora do livro "George Orwell e a Rússia", Masha Karp associou o sucesso do livro à situação da Rússia atual, em guerra com a Ucrânia desde fevereiro de 2022. Na Rússia, lembra ela, "a palavra 'guerra' foi banida e substituída, sob pena de processo judicial, pela expressão 'operação militar especial'".

Na fictícia Oceânia, onde se passa a trama orwelliana, o governo totalitário muda o significado das palavras e lança o insólito slogan "Guerra é Paz, Liberdade é Escravidão, Ignorância é Força".

As vendas de "1984" vêm aumentando na Rússia desde 2010 e explodiram desde a invasão da Ucrânia. Em março de 2022, duas pessoas foram presas por distribuir cópias gratuitas do livro no país.

Ao todo, quase 300 mil livros foram roubados das lojas da Chitai-Gorod em 2023, 10% a menos que em 2022. Além de Orwell, ladrões também mostraram preferência por livros infantis, coleções de contos de fadas e títulos sobre parentalidade.

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