Drake se irrita com uso de sua voz em música criada por inteligência artificial: 'Gota d'água'

Ferramenta conhecida como 'deep fake' realiza uma espécie de clonagem de vozes, nos moldes do que já acontece com falsificação de rostos

Por O GLOBO — Rio de Janeiro


O rapper canadense Drake Instagram / Reprodução

"Essa é a gota d'água", manifestou o rapper Drake, por meio das redes sociais, ao tomar conhecimento de que a sua voz foi usada para a criação de uma gravação inédita — sem a sua autorização prévia — por meio de inteligência artificial, na última sexta-feira (14). A ferramenta, que pode ser chamada como "deep fake" (mecanismo que também serve para a alteração de rostos), realiza uma espécie de clonagem de vozes conhecidas entre o público.

Ponto a ponto: o que é deepfake

  • Mentirinha: Deepfake é uma técnica com uso de inteligência artificial que possibilita alterar o rosto ou a voz de uma pessoa em fotos ou vídeos;
  • Nas redes: Em português claro, tratam-se de fotos ou vídeos em que o rosto de uma pessoa aparece no corpo de outra. Ou então em que a voz de uma pessoa é utilizada para a criação de novas frases, músicas, discursos...
  • Crime: Recentemente, a cantora Anitta foi vítima de deepfake, e o caso foi parar na Justiça. A funkeira teve seu rosto e voz inseridos no corpo de uma atriz num vídeo pornográfico.

Debate sobre direitos autorais

A voz do rapper Drake foi usada numa versão inédita da música "Munch" (ouça abaixo), da rapper americana Ice Spice. O caso levanta questões importantes relacionadas à utilização de inteligência artificial e direitos autorais, algo que vem sendo debatido sobretudo nos Estados Unidos, onde as novas ferramentas digitais já estão difundidas entre um público mais diverso.

Segundo uma reportagem recente publicada pelo "Financial Times", a companhia fonográfica Universal Music Group fez um apelo, neste ano, aos principais serviços de streaming — como Spotify, Deezer e Apple Music — para impedir que empresas utilizem suas músicas, em tais plataformas, para "treinar" seus métodos de inteligência artificial.

"Temos uma responsabilidade moral e comercial com nossos artistas de trabalhar para barrar o uso não autorizado de suas músicas e impedir que as plataformas reproduzam conteúdo que viole os direitos de artistas e outros criadores", ressalta um dos representantes da Universal.

Recentemente, gravações com as vozes de artistas populares — realizadas por meio do uso de inteligência artificial — vêm ganhando destaque nas redes sociais: há versões de Rihanna cantando "Cuff it", de Beyoncé; Travis Scott entoando o rap "For the night", de Pop Smoke; e Kanye West reeditando o hit “Love yourself”, de Justin Bieber. Nada é lançado com a autorização dos mesmos.

Ouça versão original de 'Munch'

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