Damo Suzuki, vocalista da cultuada banda alemã Can, morre aos 74 anos

Cantor nascido no Japão e descoberto nas ruas de Munique se destacou no pioneiro grupo de krautrock; artista foi diagnosticado com câncer de cólon aos 33 anos


Damo Suzuji, vocalista da banda Can Divulgação

Damo Suzuki, o cantor nascido no Japão que liderou o grupo pioneiro de krautrock Can durante o auge criativo da banda, morreu aos 74 anos. A morte de Suzuki foi confirmada neste sábado (10) pelo Instagram do Can. Embora a causa de sua morte não tenha sido declarada, o músico residente em Colônia, no Oeste da Alemanha, foi diagnosticado com câncer de cólon em 2014, tendo detectado a doença pela primeira vez aos 33 anos.

"É com grande tristeza que temos que anunciar o falecimento de nosso maravilhoso amigo Damo Suzuki, ontem, sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024", diz a mensagem publicada nas redes do Can. "Sua energia criativa sem limites tocou muitas pessoas em todo o mundo, não apenas com o Can, mas também com sua carreira solo. A alma bondosa e o sorriso atrevido de Damo farão falta para sempre."

A mensagem ainda acrescentava: "Ele se juntará a Michael, Jaki e Holger para uma jam fantástica!" Os membros fundadores do Can, Jaki Liebezeit e Holger Czukay, bem como o guitarrista Michael Karoli, faleceram antes de Suzuki.

Estilo próprio

Nascido como o nome de Kenji Suzuki na província de Kanagawa, ao sul de Tóquio, o cantor deixou o Japão ainda adolescente para viajar pela Europa e viver em comunas hippies. Em 1970, os membros fundadores do Can, Czukay e Liebezeit, viram Suzuki tocando como músico de rua no bairro boêmio de Schwabing, em Munique, e o contrataram para fazer o primeiro show para eles naquela mesma noite. A banda tinha acabado de perder seu vocalista original, o americano Malcolm Mooney.

"Não havia instruções da banda", lembrou ele em uma entrevista ao Süddeutsche Zeitung em 2018. "Era para eu simplesmente entrar no palco e fazer qualquer coisa."

Seu estilo improvisado de cantar - misturando palavras em inglês, japonês e suas próprias línguas inventadas - tornou-se fundamental para o som do Can.

Entre 1970 e 1973, ele liderou a banda em seu auge inquestionável, incluindo um trio de álbuns tão ousados e revolucionários quanto qualquer outro no cânone do rock do século XX: "Tago mago" (1971), "Ege bamyasi" (1972) e "Future days" (1973). O estilo intenso do cantor, por vezes quase não-verbal, exerceu grande influência nos segmentos do rock e da música experimental como um todo. Músicos como David Bowie, Radiohead e Talking Heads citaram o grupo alemão como uma influência.

Depois de se casar e se unir às Testemunhas de Jeová, Suzuki deixou o Can em 1973. Ele ressurgiu com vários projetos de novas bandas na década de 1980, incluindo sua própria Damo Suzuki Band e um selo musical, Damo's Network. Quando foi diagnosticado com o câncer, demonstrou os primeiros passos da batalha no documentário “Energy”, lançado oficialmente em 2022. No mesmo ano lançou seu último álbum, “Arkaoda”, com o Damo Suzuki & Spiritczualic Enhancement Center.

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