Grammy 2023: Entenda por que as pessoas se irritaram com prêmio e o discurso de Harry Styles

Vencedor da principal categoria da maior premiação de música no mundo supera a favorita Beyoncé e afirma que 'pessoas como ele' não costumam ser celebradas

Por O GLOBO — Rio de Janeiro


O cantor britânico Harry Styles, em cerimônia do Grammy 2023 Valerie Macon/AFP

Não foi lá muito afinado o discurso de Harry Styles no Grammy 2023, no último domingo (5), em Los Angeles, nos EUA. Lá pelas tantas, pouco antes de encerrar o agradecimento pelo prêmio de Melhor Álbum do Ano — o principal da cerimônia, a mais importante no mercado fonográfico mundial —, o artista britânico afirmou que se via diante de um fato incomum para figuras como ele: "Isso não acontece muito com pessoas como eu". A fala arranhou ouvidos e provocou barulho nas redes sociais.

É que a vitória de Harry Styles — homem, branco, cisgênero e acusado de "queerbating" por parte da comunidade LGBTQIAP+ — foi um balde de água fria, logo no início da noite, sobre aqueles que acreditavam na possível transformação de uma premiação que, tradicionalmente, privilegia o trabalho de... homens brancos cisgêneros.

Com o disco "Harry's house", Harry Styles superou o favorito "Renaissance", de Beyoncé, cantora e compositora (e mulher, negra) que, sim, acumula 32 troféus do Grammy — um recorde histórico —, mas que costuma ser reconhecida só nas categorias setorizadas da premiação, como as que elegem os melhores artistas de dance/eletrônica e de r&b. Ela levou um dos troféus numa das quatro categorias mais prestigiadas (ou "big four", como se diz), em 2010, quando "Single ladies" foi consagrada como Música do Ano.

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Neste ano, além de Syles e Beyoncé, a categoria de Melhor Álbum do Ano foi disputada por Bad Bunny, Lizzo, ABBA, Adele, Brandi Carlile, Coldplay, Kendrick Lamar e Mary J. Blige.

Representatividade?

Nas redes sociais, o discurso de Harry Styles, ex-integrante do grupo adolescente One Direction, se tornou alvo de uma polêmica. "Como assim Harry Styles ganhou o Grammy e disse no discurso que 'essas coisas' não acontecem com 'pessoas como ele'? Ele está falando de quê, de ter vindo de boyband? Porque tudo o que o Grammy tem feito desde sempre é premiar pessoas como ele. E o Oscar. E o Emmy. Etc", afirmou uma internauta, por meio do Twitter.

Cantor britânico Harry Styles — Foto: Instagram / Reprodução

Vale lembrar que Harry Styles — que costuma promover discursos de anti-preconceito de gênero e dar destaque a bandeira do arco-íris, além de aparecer com saias e vestidos em seus shows — vem sendo acusado por usar pautas de gênero e sexualidade como uma espécie de "isca" para o público LGBTQIAP+, sem nunca assumir sua própria identidade e preferências. O fato é classificado por "queerbating". "Acho que todo mundo, inclusive eu, tem sua própria jornada para descobrir a sexualidade e ficar mais confortável com isso", afirmou ele, em 2022, ao rebater as críticas.

"Harry styles praticou gaslight contra ele mesmo, usou tanta saia e maquiagem que acabou acreditando que era minoria", ironizou outra internauta. Nas redes, parte dos fãs resgatou fotografias do cantor à época em que trabalhava como atendente de uma padaria, na Inglaterra. E defendeu o artista, ressaltando que ele só se projetou internacionalmente depois de se apresentar no reality show "X-factor". "De uma padaria para o mundo. Que orgulho", escreveu um admirador.

Internautas reagiram com deboche às reações de parte dos fãs. "Passando mal que a única minoria que o Harry Styles conseguiu se encaixar foi de ex atendente de padaria", rebateu uma usuária do Twitter. "Harry Styles, que tipo de oprimido você é? 'Eu trabalhei em padaria de cidade pequena, senhora!'", ironizou outra pessoa.

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