The Town: Jão mostra seu talento de comunicador em show curto, mas intenso

Vasto e fiel público do cantor não deixou de acompanhá-lo com a voz um só segundo

Por — São Paulo


Jão no The Town Edilson Dantas/ Agência O Globo

A expectativa dos fãs era enorme: enquanto H.E.R. fazia seu show no palco Skyline, no The One um enorme dragão cenográfico - figura simbólica de seu novo álbum, "SUPER" - era montado para o show de Jão. E quando o cantor enfim entrou no palco, com seu novo visual, de cabelos descoloridos, a turba explodiu em êxtase, cantando com ele a canção "A rua". Em seguida, ele cumpriu a promessa e apresentou uma de "SUPER", "Escorpião", que estava sendo mostrada ao vivo em público pela primeira vez - e que, é claro, todo mundo sabia cantar e cantou.

Em noite de consagração da sua trajetória ("2023 foi um ano e tanto!"), Jão não teve receio de queimar logo um megahit como "Idiota" - seu vasto e fiel público não deixou de acompanhá-lo com a voz um segundo só, em total felicidade, como só se via num show de Los Hermanos. A toda hora saudando São Paulo, ele estreou mais uma do novo disco, a boa "Alinhamento milenar" e também "Meninos e meninas", espécie de faixa-gêmea.

Os efeitos de vídeo no dragão branco fizeram boa cena e clima para que Jão a sentimental "Acontece", do disco anterior, "Pirata" (2021). A violeira "Julho", do novo álbum, fez o par ideal para ela (o cantor é craque em montar setlists - e seu público fica sempre tentando adivinhar as combinações). O microfone falhou no começo da soul "Santo", mas em nada afetou a performance ou a idolatria.

Um desses comunicadores raros, que estabelece um compromisso de sinceridade com seu público, Jão trouxe como presente uma "Imaturo" que parecia dizer tudo o que todos ali queriam ouvir. Já o ska "Eu vou morrer sozinho" é aquele tipo de música que se canta até mesmo sem querer - e que aparentemente não tem nada de mais, prova da sutil arte da composição de Jão.

Vocalista do Molejo: Anderson Leonardo é internado no Rio para tratar pneumonia

A nova "Se o problema é você, porque doeu em mim?" antecedeu outra de "SUPER": a confessionalíssima "Maria", que ele cantou de improviso ao piano literalmente com as mãos em chamas. Sob chuva fina, Jao seguiu com um de seus clássicos, "Essa eu fiz pro nosso amor" e debutou ao vivo outra do novo disco, "Sinais" - durante a qual foi surpreendentemente içado ao alto do dragão.

"Não é porque te odeio que eu não posso mais beijar a sua boca" - a máxima de "Pilantra" (single com Anitta) deu o tom para o resto do show, com a descontraída "Me lambe" (outra das novas), a música de encerramento de um show até curto, mas intenso, que antecipou bastante do que se vai ver na turnê de "SUPER" a partir de janeiro.

Mais recente Próxima Bienal do Livro termina com recorde de vendas e de público; confira os destaques