O embate entre o Exército de Israel e os guerrilheiros do Hamas parou a edição israelense da rave Universo Paralello, criada por Juarez Petrillo, pai de Alok, neste fim de semana. Participantes do evento precisaram correr pelo deserto para escapar das bombas e tiros. Juarez chegou a registrar, em seu perfil no Instagram, o momento em que a festa precisou ser interrompida.
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Petrillo havia licenciado os direitos de uso do nome do Festival Universo Paralello para a produtora israelense Tribe of Nova, que organizou o evento. Conhecido como DJ Swarup, ele participava do festival na condição de artista contratado para uma apresentação.
"Toda a responsabilidade de organização, logística, divulgação ou quaisquer outras questões relacionadas à execução do evento, é de responsabilidade da produtora israelense Tribe of Nova", informou a assessoria de Petrillo.
Alok usou as redes sociais para comentar o caso: "Meu pai foi contratado para se apresentar em um evento que licenciou os direitos de uso do nome do festival, como já aconteceu em vários outros países. A produtora israelense licenciou o uso da marca e organizou o evento de forma independente, tendo meu pai como uma das atrações. Historicamente, eventos acontecem na região e, no dia anterior, houve outro festival no mesmo local", escreveu.
Nesta segunda-feira, quando autoridades israelenses afirmam ter retomado todas as localidades invadidas por extremistas palestinos no sul do país, o conflito continua. Na região onde acontecia o evento de Petrillo, foram encontrados pelo menos 260 corpos, de acordo com a organização de resgate Zaka.
Quem é Juarez Petrillo?
Pai de Alok e Bhaskar, Juarez Petrillo é conhecido pelo nome artístico de DJ Swarup. Sua carreira na música começou na década de 1970, quando criou a banda de Rock “Primeira Pedra”. O contato com a cultura psicodélica veio em 1996, em Amsterdã. Ao voltar para o Brasil, começou a praticar mixagem em vinis que trouxe da Europa. Além disso, também dirigiu e fotografou diversos vídeos, que o renderam indicações para prêmios no MTV-Brasil Vídeo Music Awards.
O que é o 'Universo Paralello'?
O evento “Universo Paralello” começa em 2000, quando produziu o reveillon de Alto Paraíso (GO). Reconhecida no Brasil e no exterior como uma das maiores festas de música eletrônica, foi reeditada em 2002. Desde então, segue com edições em todo o mundo. Durante a década de 2000, Petrillo também criou a Vagalume Records.
O DJ estava na edição do evento em Israel, e registrou momentos da fuga de participantes após um ataque na região.
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O que se sabe sobre brasileiros desaparecidos
Segundo o Itamaraty, pelo menos três brasileiros que participavam do evento estão desaparecidos e um foi hospitalizado após o início da ofensiva, que já deixou mais de mil mortos e 4.500 feridos. O carioca Nathan Obadia, de 30 anos, é um dos brasileiros que estavam presentes na edição.
Ao tentar fugir do evento, ele e um grupo de quatro amigos se depararam com combatentes palestinos que invadiam a região, contou o representante de vendas, que mora há cerca de cinco anos no país, onde trabalha com um clube de futevôlei.
— A gente estava indo para Tel Aviv, mas tinha terrorista lá. Então fizemos a volta para retornar na direção da festa. Só que formou um trânsito. (...) Aí o moleque que estava dirigindo, o Fusco (amigo de Nathan) pegou a direita e falou “vamos fugir desse transito”. Só que era tudo meio um mato assim e acabamos entrando numa zona que era um campo aberto, e só tinha nosso carro no meio. Na hora, os caras (combatentes do Hamas) começaram a "largar" bala em cima da gente, tiro para caramba — relatou o brasileiro.
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'Momentos agustiantes de tiros'
O jornal The Jerusalem Post publicou um vídeo em que mostra o momento em que diversas pessoas fogem às pressas de uma festa organizada ao ar livre depois da chegada de membros do Hamas. Segundo a publicação, "os participantes relatam momentos angustiantes de tiros", crescendo "as preocupações com possíveis vítimas".
Como aconteceu o ataque?
O ataque surpresa do Hamas pegou Tel Aviv de surpresa. Em suas redes sociais, o governo foi taxativo e afirmou estar "em guerra", ao fim de um comunicado no qual informava que o país estava "sob bombardeio de foguetes desde o início da manhã" de sábado.
Israel lançou mais de 500 ataques aéreos e de artilharia contra Gaza, com ao menos um deles atingindo um campo de refugiados no norte do enclave.
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O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou na manhã desta segunda que os militares fazem um “cerco completo total” à Faixa de Gaza, cujas fronteiras leste e sul são compartilhadas com o Estado Judaico.
— Ordenei um cerco completo à Faixa de Gaza. Não haverá eletricidade, nem comida, nem combustível, tudo está fechado — disse Gallant . — Estamos lutando contra humanos selvagens, e agiremos de acordo.
Outros vídeos que circulam pelas redes sociais detalham como começou a ofensiva do Hamas, com bombardeios a tanques israelenses e invasão de bases do exército, pela terra e pela água.
Ataque do Hamas em Israel:
- Israel sofreu neste sábado, dia 7, uma ofensiva coordenada em larga escala com uma chuva de mais de 2.500 foguetes e invasão por centenas de combatentes palestinos que deixou o país em choque com ao menos 250 mortos e 1.590 mil feridos.
- A onda de ataques, batizada pelos palestinos de “Operação Dilúvio de al-Aqsa”, levou o terror a dezenas de cidades e localidades no sul e no centro de Israel — incluindo Jerusalém e Tel Aviv.
- Cidades foram atingidas por foguetes ou invadidas por combatentes que abriram fogo contra prédios das forças de segurança, atiraram em carros nas estradas e capturaram dezenas de civis e militares como reféns.
- Em resposta, o o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, instou os palestinos a saírem de Gaza e prometeu "reduzir os esconderijos do Hamas a ruínas".
- O Hamas divulgou um comunicado após o início dos ataques. Israel, junto com o Egito, mantém um duro bloqueio contra a Faixa de Gaza desde que o Hamas assumiu o poder em 2007. Desde então, ocorreram vários conflitos entre militantes palestinos e o Estado judeu.