MPB e aula-show de José Miguel Wisnik dão início a Ciclo de Conferências da ABL

instituição inicia ano acadêmico nesta terça (5), com palestras sobre grandes nomes da canção nacional; na quinta (7), tem eleição para a cadeira 9


José Miguel Wisnik: uma das atrações do Ciclo de Conferências Divulgação/Bob Wolfenson

Voltando do recesso, a Academia Brasileira de Letras dá início ao ano acadêmico com o seu tradicional ciclo de conferências. Até dezembro, a instituição promoverá palestras gratuitas com acadêmicos da casa e outros especialistas, às terças-feiras, às 16h, no Teatro R. Magalhães Jr. As inscrições podem ser feitas no site da ABL, em www. academia.org.br.

Com coordenação do acadêmico e escritor Geraldo Carneiro, a primeira conferência do ciclo, “Mitos da Música Brasileira”, começa nesta terça-feira com uma aula-show do pesquisador, ensaísta e compositor José Miguel Wisnik. As outras palestras contemplam três “orixás” da música brasileira: no dia 12, Geraldo Carneiro fala sobre Tom Jobim; no dia 19, será a vez do compositor Alfredo Del-Penho analisar a obra de Noel Rosa; e no dia 26, o jornalista e escritor Hugo Sukman se debruçará sobre a música de João Gilberto.

— Noel foi o letrista mais brilhante da primeira metade do século XX, e inspirador de seus sucessores — diz Geraldo Carneiro. — Tom reinventou a música brasileira e se tornou a confluência, o estuário em que deságuam todas as águas da música do Brasil. João Gilberto é o criador de uma batida alquímica que decompõe a força dionisíaca do samba e a reduz a um tamborim apolíneo e minimalista, quase imaginário. Em suma, são três dos principais criadores da nossa cultura.

Mão na massa

Carneiro ressalta o fato de todos os palestrantes terem intimidade com a música.

— Não apenas como quem pensa, mas como quem vive a experiência musical — acrescenta o imortal, que tem uma rica trajetória como letrista de grandes sucessos da MPB.

A diversidade de temas e de palestrantes segue um dos princípios da ABL. Inspirada no modelo francês, ela não se limita à literatura, abrangendo em seu quadro personalidades que tiveram contribuição em sua área. Qualquer área, vale ressaltar.

— Isso já vem desde a fundação, com as posições divergentes de Machado e Nabuco, acabando por prevalecer a de Nabuco — lembra o acadêmico Antonio Carlos Secchin, coordenador-geral dos ciclos de 2024. — Os ciclos, sem descurar da ênfase na literatura, também se abrem para as mais diversas manifestações da cultura. Palestras sobre música brasileira, sobre as relações entre o futebol e as letras. Temas de antropologia. E um ciclo 100% feminino: a coordenadora, as palestrantes e as artistas cujas obras serão estudadas.

As atividades seguem na casa. Na próxima quinta-feira, 7 de março, a partir das 16h, no Petit Trianon, os acadêmicos escolherão quem sucederá o historiador e diplomata Alberto da Costa e Silva na cadeira 9 de seu quadro. A eleição tem como franca favorita a historiadora Lilia Moritz Schwarcz. O diplomata e escritor Edgard Telles Ribeiro também está na disputa.

Programação do Ciclo

Popular Brasileira

  • 5/3 Abertura: “A terceira margem do rio: poesia da canção”, aula-show de José Miguel Wisnik
  • 12/3: “Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Tom Jobim”, com Geraldo Carneiro
  • 19/3: “Noel de Medeiros Rosa”, com Alfredo Del-Penho
  • 26/3: “João Gilberto Prado Pereira de Oliveira”, com Hugo Sukman

Poesia na Academia

  • 2/4: Carlos Nejar
  • 9/4: “Re/Des/Dizer”, com Antonio Carlos Secchin
  • 16/4: Geraldo Carneiro
  • 25/4: Gilberto Gil
  • 30/4: Marco Lucchesi
  • Deus, Deuses
  • 7/5: “Tupã, um deus jesuíta”, de Alberto Mussa
  • 14/5: “Deuses do Olimpo”, com Rafael Brunhara
  • 21/5: “Aquele que é — O Deus da Bíblia”, com Maria Clara Bingemer
  • 28/5: “O mistério de Deus na tradição mística do Islã”, com Faustino Teixeira

Machado de Assis e a questão racial

  • 7/6: “O Machado que eu leio”, com Jefferson Tenório
  • 14/6: “Era de cor como eu: racismo e antirracismo na trajetória de Machado de Assis”, com Ana Flávia Pinto
  • 21/6: “Machado e a invenção do ‘ser-branco’ no Brasil”, com Paulo Dutra
  • 28/6: “Diálogo: as melindrosas presunções da branquitude”, com Pedro Meira Monteiro e Hélio Guimarães

Pensar

  • 2/7: “A saúde”, por Margareth Dalcomo
  • 09/7: “A política”, por Merval Pereira
  • 16/7: “A inteligência artificial”, por Silvio Meira
  • 23/7: “A natureza”, por Ailton Krenak
  • 30/7: “A justiça”, por Luis Roberto Barroso

Cadeira 41

  • 6/8 “Graciliano Ramos”, por Godofredo de Oliveira Neto
  • 13/8: “Joel Rufino”, por Luiz Antonio Simas
  • 20/8: “Henriqueta Lisboa”, por Wander Melo Miranda
  • 27/8: “Murilo Rubião e Helio Pelegrino”, por Humberto Werneck

O que eu sei dela

  • 3/9: “Carla Madeira”
  • 10/9: “Carolina Maria de Jesus”, por Eliana Alves Cruz
  • 17/9: “Anita Malfatti”, por Lúcia Bettencourt

Temas em Língua e Literatura

  • 1/10: “Pureza e purismo na língua literária”, por Ricardo Cavaliere
  • 8/10: “Literatura & internet”, por Luis Augusto Fischer
  • 15/10: “Literatura & cinema”, por Edgard Telles Ribeiro
  • 22/10: “A criatividade lexical em Guimarães Rosa e Mia Couto”, por André Valente
  • 29/10: “O legado modernista e a gramática do português escrito no Brasil”, por José Carlos de Azeredo

Gol de Letras

  • 5/11: “Uma vez Flamengo”, por Ruy Castro
  • 12/11: “Botafogo, Botafogo”, por Hélio De La Peña
  • 26/11: “Vamos todos cantar de coração”, por Bruno Mazzeo
  • 28/11: “Sou tricolor de coração”, por Pedro Bial

Memórias da Academia

  • 3/12: “Academia: tema e variação”, Marco Lucchesi
  • 10/12: “A ABL entre helenos e modernos: o desafio da his- toricidade”, por Arno Wehling

Mais recente Próxima Praia privativa, vista para o mar e diária de R$ 46 mil: conheça o hotel onde estão Nicolas Prattes e Sabrina Sato