Fotojornalismo da agência Magnum ganha prêmio Princesa de Astúrias: 'exemplo de liberdade de imprensa'

Decisão do júri destaca 'icônico e exigente trabalho ao longo de quase oito décadas' da cooperativa fundada por Robert Capa e Henri Cartier-Bresson

Por AFP — Madri


Casal fotografado na Califórnia, EUA, por Elliott Erwitt; o fotógrafo da Magnum morreu em 29 de novembro de 2023, aos 95 anos Divulgação/Elliott Erwitt

A agência internacional de fotografia Magnum, criada em 1947 por Robert Capa, ganhou nesta quarta-feira (12), na Espanha, o Prêmio Princesa das Astúrias da Concórdia, pelo seu trabalho "icônico" de captar em imagens "os acontecimentos mais relevantes" do mundo durante quase oito décadas.

Em sua decisão, o júri afirmou que a Magnum levou o prêmio "pelo seu icônico e exigente trabalho de fotojornalismo ao longo de quase oito décadas", no qual "guardou e transmitiu os acontecimentos mais relevantes do seu tempo".

A agência, que além de Capa, teve entre seus fundadores Henri Cartier-Bresson, George Rodger e David Seymour, todos considerados pais do fotojornalismo, tem sido um "exemplo de liberdade de imprensa e assunção de riscos", continuou o júri, liderado pelo presidente regional das Astúrias, Adrián Barbón.

Os prêmios Princesa das Astúrias foram criados em 1981 em homenagem ao herdeiro da Coroa espanhola, atualmente a princesa Leonor de Borbón. Os vencedores levam 50 mil euros (cerca de 290 mil reais) e uma escultura criada pelo artista catalão Joan Miró.

A Magnum nasceu depois da Segunda Guerra Mundial, como um projeto de Capa, o fotógrafo que acompanhou as tropas aliadas no Desembarque na Normandia, e dos seus outros três sócios, que formaram uma cooperativa para que os seus membros tivessem total independência. Desta forma, os fotógrafos da Magnum retêm os direitos autorais de seus trabalhos e podem comercializá-los.

'Um mundo mais justo'

Com escritórios em Nova York, Paris e Londres, a Magnum publicou suas fotografias nos principais veículos de comunicação e revistas do mundo, como The New York Times, Le Monde, The Guardian, Paris Match e National Geographic, e muitos de seus colaboradores foram homenageados com exposições individuais em importantes museus.

Os arquivos da agência, que contam com mais de um milhão de fotografias, funcionam como um registro visual dos principais acontecimentos das últimas décadas, como a Segunda Guerra Mundial, vista por Capa, os discursos de Malcolm X, captados por Eve Arnold, ou os discursos de Fidel Castro em Havana em 1959, registrado por Burt Glinn.

A agência criou a Fundação Magnum em 2007 para formar fotojornalistas por meio de bolsas de estudo e nos últimos anos também tem realizado vendas de fotografias para angariar fundos para organizações como a Cruz Vermelha em zonas de conflito.

"Este prêmio representa um grande apoio à agência e nos encoraja a continuar trabalhando para construir um mundo mais justo, longe dos extremos e do fanatismo", afirmou a atual presidente da Magnum, a espanhola Cristina de Middel, em uma nota divulgada pela fundação.

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