Icônico cinema de Paris fecha as portas e atesta que Champs-Élysées se tornou 'cemitério' de salas de exibição

O UGC Normandie não resistiu ao aumento do aluguel do imóvel, de propriedade da família real do Catar

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A fachada do UGC Normandie, cinema icônico que fechou as portas em Paris AFP

O icônico cinema UGC Normandie, na Avenida Champs-Élysées, em Paris, fechou as portas nesta quinta-feira (13) após 90 anos. Críticos apontam o fim do estabelecimento como um sinal de que turismo e o comércio de luxo tiraram a vida de uma das ruas mais famosas ruas do mundo.

Local privilegiado para estreias, o UGC Normandie foi um dos grandes cinemas da Champs-Élysées, um polo de salas de exibição nos anos 1960 e 1970. No entanto, a rua foi perdendo o chame, na opinião dos parisienses, e acabou dominada por lojas caras e turistas tirando fotos do Arco do Triunfo.

A cadeia de cinemas UGC disse que o Normandie enfrentou “um aumento muito acentuado no aluguel do imóvel”, de propriedade da família real do Catar. Dois outros cinemas famosos da Champs-Élysées, o George V e o Gaumont Marignan, fecharam desde 2020.

“O cinema está desaparecendo e as circunstâncias são terríveis para toda a cultura”, disse à AFP Yann Raffin, de 22 anos, ex-funcionário do UGC Normandie, acrescentando que ele sente “tristeza” e “raiva”. “A Champs-Élysées está se transformado numa avenida reservada aos ultraricos”, afirmou.

A última exibição no UGC Normandie, nesta quarta (12), foi do filme “La La Land”, com Emma Stone e Ryan Gosling, um tributo aos musicais da Era de Ouro de Hollywood. O diretor, Damien Chazelle, apareceu na tela com uma mensagem especial para o público, que esgotou os ingressos da sessão.

“Esta sala era uma extensão da minha vida, era uma amiga e uma aliada”, disse Mehdi Omais, de 40 anos, um jornalista de cinema visivelmente emocionado. “É de partir o coração esse cinema fechar. Essa avenida está se tornando um cemitério de cinemas.”

O leilão das cadeiras e da decoração do UGC Normandie está marcado para esta quinta e inclui o imenso letreiro da fachada. Os recursos obtidos serão destinados a uma instituição de caridade que leva filmes a crianças hospitalizadas.

Em Paris, há mais cinemas per capita do que em qualquer outro lugar do mundo. Novas salas chiques estão abrindo em várias regiões da cidade, como o moderníssimo cinema Pathe, perto da Ópera Garnier, projetado pelo arquiteto Renzo Piano, criador do Centro Pompidou, na capital francesa, e do arranha-céu The Shard, em Londres.

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