Caso Daniella Perez: 'Nunca vamos entender, nem 30 anos depois', diz Eri Johnson

Amigo e colega de elenco da atriz assassinada em 1992, ator é um dos entrevistados da série documental 'Pacto brutal', que será lançada pela HBO Max em 21 de julho

Por Nelson Gobbi


Eri Johnson como o gótico Reginaldo e Daniella Perez como Yasmin, na novela 'De corpo e alma' — Foto: Reprodução

Presente na série documental "Pacto brutal: O assassinato de Daniella Perez", que será lançada pela HBO Max em 21 de julho, o ator Eri Johnson relembrou a amizade com a atriz e o sucesso que os dois viviam na TV, até 28 de dezembro de 1992, data em que ela foi morta. Nesta terça-feira (5), o serviço de setraming lançou o trailer da atração, que será dividida em cinco episódios.

Em "De corpo e alma", novela das 21h escrita por Gloria Perez, mãe da atriz, Johnson interpretava o gótico Reginaldo, um dos personagens mais lembrados de sua carreira. Daniella vivia Yasmin, uma vizinha por quem Reginaldo nutria uma paixão platônica. A amizade dos dois, iniciada na novela das 18h "Barriga de aluguel" (1990), também de Gloria Perez, se intensificou na trama seguinte. O ator se lembra de ter encontrado com ela inclusive horas antes de ter sido assassinada por seu colega de elenco, Guilherme de Pádua, e sua mulher, Paula Thomaz.

— Nos falávamos todos os dias. No dia em que ela foi assassinada, não estava gravando mas fui encontrá-la no estúdio para parabenizá-la pela participação no especial de Natal do Roberto Carlos. Tínhamos planos de passar o réveillon em Angra — conta Johnson. — Estávamos num momento incrível das nossas carreiras. Eu com um personagem que foi um divisor de águas para mim, capa do LP internacional da novela, o que na época era um super termômetro de sucesso. E ela como uma estrela em ascensão, querida pelo público, pelo elenco, por todos. Não havia quem não se apaixonasse por ela.

Johnson diz que, mesmo 30 anos depois do bárbaro assassinato, a tristeza e a sensação de impotência ainda persistem:

— Vai ser sempre incompreensível, uma covardia. Nunca vamos conseguir entender, nem no dia nem 30 anos depois. Este incômodo, essa sensação estranha, permanece até hoje. É sempre muito doído lembrar.

Dirigida por Tatiana Issa e Guto Barra, "Pacto brutal" reconstitui com detalhes o crime e o julgamento que chocaram o país no início dos anos 90, com depoimentos inéditos de Gloria Perez, do ator Raul Gazolla, viúvo da atriz, e de colegas de profissão, como Claudia Raia, Fábio Assunção, Maurício Mattar e Cristiana Oliveira. A produção conta ainda com entrevistas com personagens importantes no processo, jornalistas que entrevistaram os assassinos e registros em vídeo inéditos de Daniella, cedidos pela família.

Relembre o caso

Aos 22 naos, Daniella Perez vivia o maior momento de sua carreira, após integrar o elenco de novelas como "Barriga de aluguel", "O dono do mundo" (1991) e "Kananga do Japão" (exibida em 1989 na extinta Manchete, onde a atriz conheceu o marido, Raul Gazolla). Em "De corpo e alma" ela conquistava o público com a personagem Yasmin, que vivia um par romântico com Bira, interpretado pelo ator Guilherme de Pádua.

Na noite de 28 de dezembro de 1992, Pádua e a mulher, Paula Thomaz, emboscaram Daniella após o fim das gravações na novela, e a levaram para um matagal na Barra da Tijuca, onde a mataram com um instrumento perfurocortante e deixaram o seu corpo.

A notícia do assassinato chocou o país, assim como os detalhes revelados no julgamento do casal. Cinco anos depois do assassinato, Guilherme e Paula foram condenados a 19 anos e seis meses de cadeia, mas a pena foi posteriormente reduzida a seis anos. O ex-ator foi libertado em 1999, após cumprir um terço da pena, e se tornou pastor numa igreja evangélica de Belo Horizonte (MG).

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