As inconsistências contábeis anunciadas pelas Americanas na última semana não estão levando apenas bancos à justiça para cobrar dívidas, mas também investidores que se sentem prejudicados pelo erro nas contas da companhia de capital aberto.
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Um processo protocolado pelo Instituto Brasileiro de Cidadania (Ibraci) na 5ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Rio de Janeiro contra a Americanas (AMER3) pede indenização por danos materiais e morais individuais de consumidores, investidores e acionistas.
Na ação, o instituto argumenta que milhares de acionistas minoritários "retiraram valores de sua poupança, fruto de muito trabalho e suor, confiando na robustez e alto índice de governança corporativa da ré e, ainda, nas suas boas perspectivas de crescimento fruto dos seus balanços divulgados".
Em outro trecho, defende que a "volatilidade do mercado foi dolosamente viciada com a prática de ato contrário a boa-fé objetiva, levando a prejuízo certo". Além disso, aponta que a Americanas "ofendeu direito do aplicador de boa-fé, o qual estava ciente do risco negocial, mas não cogitava fraude dolosa de manipulação de informações".
— A informação clara, precisa, adequada e suficiente sobre a saúde financeira da companhia, de forma completa, é direito do investidor. Trata-se de uma batalha judicial, possivelmente sem precedentes, que apenas se inicia. É provável que somente após longos anos saberemos se a empresa sobreviverá e se honrará os seus credores e acionistas — diz o advogado que representa o Ibraci, Gabriel de Britto Silva.
A Associação Brasileira de Investidores (Abradin), que já fez uma denúncia à Comissão de Valores Mobiliários e ao Ministério Público em prol dos acionistas minoritários, agora também prepara uma ação judicial contra a empresa. Para Aurelio Valporto, presidente da Abradin, os investidores "foram enganados".
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— Essa situação afeta toda a economia nacional porque mina a credibilidade do mercado de capitais brasileiro. Isso exige uma resposta dura das autoridades. Queremos que a CVM apure se estamos diante de uma fraude ou não e também estamos sendo assessorados por advogados para ingressar com uma cobrança na justiça — contou Aurelio Valporto, presidente da Abradin.