O fim de uma era: Apple é a última empresa a deixar o 'clube dos US$ 2 trilhões'

Ações da big tech fecharam em queda de 3,74% no pregão de abertura de 2023 nos EUA. Microsoft e Saudi Aramco já tinham recuado abaixo de US$ 2 tri em 2022. Há exato um ano, Apple valia US$ 3 trilhões

Por Bloomberg


Loja da Apple em Sydney: demanda global fraca reduziu vendas da empresa Brent Lewin/Bloomberg

Uma forte queda nas ações da Apple desde a abertura das Bolsas americanas este ano fez a empresa cair abaixo de US$ 2 trilhões em valor de mercado nesta terça-feira. Com isso, o "clube dos US$ 2 trilhões" perdeu seu último integrante e, agora, nenhuma empresa mais tem valor de mercado tão alto, num reflexo de como o cenário para as Bolsas virou nos últimos meses.

Os papéis da empresa fecharam com recuo de 3,74%, cotados a US$ 125,07. Com isso, o valor de mercado da empresa ficou em US$ 1,99 trilhão.

Em 2022, além da Apple, também a Microsoft e a Saudi Aramco chegaram a valer mais de US$ 2 trilhões na Bolsa. Neste momento, a empresa soma US$ 1,99 trilhão em ações na Bolsa.

A Apple sofreu com rupturas na cadeia global de produção e, particularmente nos últimos meses, com problemas nas suas fábricas na China, em meio a um surto da Covid no país que provocou até um levante de trabalhadores contra um lockdown imposto em Zhengzhou, cidade que abriga sua principal fornecedora, a Foxconn.

Atualmente, a maior fábrica de iPhones do mundo voltou a operar perto da capacidade máxima, um sinal de que a principal parceira da Apple conseguiu assegurar mão de obra suficiente após o protesto dos trabalhadores.

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Celular da Apple passou por diversas transformações

Além disso, a empresa enfrenta uma queda na demanda por seus produtos diante da forte desaceleração da economia global. No início desta semana, o jornal japonês Nikkei relatou que a Apple reduziu a encomenda de componentes para AirPods, Apple Watch e MacBooks.

Cidade do iPhone a todo vapor

O complexo da Foxconn em Zhengzhou, apelidado de iPhone City, opera com cerca de 200 mil funcionários, informou o jornal oficial Henan Daily, citando um executivo da parceira da Apple. Esse é mais ou menos o nível normal de pessoal, com base em relatórios da empresa. Em 30 de dezembro, a planta operava a 90% da capacidade máxima prevista no início do ano passado, acrescentou o jornal.

A rápida recuperação da fábrica é um bom presságio para a produção do dispositivo da Apple antes da temporada de compras do Ano Novo Lunar. Um surto de Covid em todo o país depois que Pequim abandonou abruptamente a maioria das restrições contra o vírus havia obscurecido as perspectivas para fabricantes como a Foxconn, que precisam de multidões de trabalhadores para manter as fábricas funcionando.

A fábrica de Zhengzhou, que produz a grande maioria dos aparelhos iPhone 14 Pro e Pro Max, enfrentou semanas de tumulto em novembro. Milhares de trabalhadores fugiram do confinamento no complexo ou protestaram contra as restrições extremas contra Covid — um movimento que repercutiu em todo o país. A Foxconn terminou a maioria dessas restrições no mês passado e aumentou os incentivos para funcionários novos e já existentes.

A interrupção sem precedentes da produção gerou preocupações sobre o fornecimento de iPhone durante o período de festas de fim de ano nos Estados Unidos. A Apple chegou a correr o risco de perder quase 6 milhões de unidades de iPhone por causa das tensões, segundo reportagem da Bloomberg News.

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