'Loja física é hoje um hub de experiência', diz CEO dos pontos comerciais da Americanas

Timotheo Barros conta que varejista mantém os planos de expansão via aquisições mesmo em meio à crise e aposta na integração entre ponto de vendas e site

Por Bruno Rosa


Americanas vai manter planos de expansão via aquisições mesmo em meio à crise e aposta na integração entre ponto de vendas e site, conta Timotheo Barros, CEO da Plataforma Física da varejista Divulgação — Foto:

RIO - Após dez aquisições nos últimos dois anos, como as redes Hortifruti e Imaginarium, a Americanas segue em busca de oportunidades para manter uma estratégia agressiva de crescimento que não despreza as lojas físicas, mesmo com a popularização do e-commerce na pandemia.

Em entrevista ao GLOBO, o CEO da Plataforma Física da Americanas, Timotheo Barros, diz que os pontos comerciais permitem experiências complementares às vendas on-line e ajudam a aumentar a relevância da marca.

Há 26 anos no grupo, Barros destaca investimentos em cibersegurança, depois de um ataque ter deixado os sites da empresa quatro dias fora do ar em fevereiro.

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Por que a Americanas tem intensificado as aquisições?

Nos últimos 15 anos, fizemos 29 aquisições, sendo dez nos últimos dois anos. A companhia vem se reinventando para se ajustar à evolução dos hábitos de consumo, como a forma de comprar e pagar. A loja hoje é um hub de experiência, o ponto de distribuição, de compra, de devolução, de lançamentos e gerador de mídia. Criamos a prateleira infinita, um quiosque digital em lojas. Estamos fazendo live commerce dentro delas. Temos 1.800 lojas em 900 cidades. Queremos estar presentes em todas as jornadas. Testamos muito.

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Ainda há espaço para mais aquisições?

A gente vem em uma trajetória de geração de valor. Logicamente, sempre estamos olhando coisas. Se fizer sentido para tornar nosso negócio mais relevante, independentemente de ser uma aquisição de tecnologia, logística ou comercial, vamos avançar.

Como fica o plano de expansão em meio ao atual cenário econômico?

Independentemente do cenário político e econômico, a companhia sempre investiu e sempre acreditou no Brasil. Em 2021, tínhamos um conjunto de incertezas e abrimos 168 lojas. Investimos R$ 1,7 bilhão.

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Como funciona hoje a rede de distribuição? São entregadores próprios ou há parceria com empresas de logística?

Quando falamos que compramos empresas de transporte, na verdade, adquirimos plataformas e soluções de conexões. Se você me perguntar quantos veículos temos hoje, é praticamente zero. Temos uma grande plataforma de tecnologia que conecta os parceiros nessa nuvem. Eles podem estar de bicicleta, tuk-tuk, caminhão, carro e até a pé. São mais de 40 mil entregadores ativos na plataforma. O sistema usa inteligência. Se o cliente compra uma televisão para entrega a partir da loja, é chamado um entregador com carro, por exemplo.

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Hoje há questionamentos sobre a remuneração de entregadores de apps de comida, por exemplo. Isso é uma preocupação para vocês?

A remuneração tem que ser justa, correta e remunerar bem a ponta. Tem que ser bom para todo mundo.

Por conta da crise econômica, muitas famílias e pequenos comércios têm usado suas próprias casas como estoque e pontos de distribuição. Isso acontece com vocês?

Temos mais de cem mil sellers, que são os parceiros vendendo na nossa plataforma.

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Desses cem mil, qual é o total de pessoas físicas?

Só operam na nossa plataforma empreendedores e pessoas jurídicas. O Brasil é movido por PMEs (pequenas e médias empresas). Temos um serviço para o pequeno empreendedor que é a entrega. A gente vai lá, pega o produto e entrega para qualquer lugar do Brasil, aumentando a geração de negócios.

Esse modelo tende a crescer?

Sim. Ele cresce continuamente. É esse círculo virtuoso que a gente quer acelerar, com mais fluxo, mais clientes e mais parceiros.

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Como a empresa está lidando com a alta dos combustíveis?

Nossa própria configuração e ecossistema traz uma série de benefícios que acabam balanceando essa equação. E isso nos ajuda a navegar nesses períodos, pois trocamos longa distância por curta distância. O frete é menor e o tempo de entrega também, o que gera mais venda. E não é só modal com combustível. Tem bike e entregas feitas a pé. Cerca de 25% de todos os pedidos feitos no digital foram processados nas lojas e entregues em até três horas.

O que a Americanas tem feito para atrair mais parceiros diante da maior concorrência de empresas chinesas no ‘e-commerce’?

Temos um compliance (regras de conformidade) rígido. Queremos parceiros corretos, que emitam nota fiscal. Aportamos logística, tecnologia e conhecimento tributário.

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A Americanas comprou o Hortifruti e a Uni.co (dona de Imaginarium e Puket). O sortimento nas lojas vai mudar?

A compra do Hortifruti é uma nova vertical. É um negócio ligado a “saudabilidade”, com alta recorrência e ida (do consumidor) à loja até quatro vezes por semana. Já a Uni.co é outro modelo, de franquias, que é algo novo para a gente.

E tem ainda a Vem, resultado da união com a Vibra (ex-BR Distribuidora, dona das lojas de conveniência BR Mania)... Vão unir marcas?

Nada impede que lojas da BR Mania se tornem um click and collect (ponto de coleta de encomendas), ou conectar o estoque dessas mais de mil lojas da BR Mania ao marketplace da Americanas.

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A empresa recentemente passou por um ataque cibernético. Aumentou investimento em segurança?

Cibersegurança é desafio de todos. Você vê nos últimos meses o volume de empresas passando por algum tipo de evento. Essa é uma preocupação de longa data e desde sempre. É sempre uma corrida.

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