A Americanas deve antecipar o pedido de recuperação judicial na Justiça após os bancos credores aumentarem o cerco contra a varejista. O pedido pode ser feito ainda esta semana, segundo fontes. O Banco Bradesco reteve mais de R$ 450 milhões do caixa da companhia, disse a Americanas.
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A varejista informou que a atitude unilateral de compensação dos credores contra o caixa da companhia prejudica sua viabilidade.
"A companhia segue na busca por uma solução de curto prazo com os seus credores, para manter seu compromisso como geradora de milhares de empregos diretos e indiretos, amplo impacto social, fonte produtora e de estímulo à atividade econômica, além de ser uma relevante pagadora de tributos. A Americanas espera que os credores também se comprometam na busca de soluções", disse em nota.
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De um lado, de acordo com fontes, os bancos cortaram já na segunda-feira a linha de antecipação de recebíveis, o que tende a afetar diretamente seu caixa. Por outro lado, a vitória do BTG na Justiça pode servir de combustível para que outras instituições consigam ter acesso a seus valores.
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Por isso, a Americanas vai recorrer da decisão que permitiu ao BTG executar um bloqueio no valor de R$ 1,2 bilhão, corresponde à compensação de créditos. “A empresa está mais perto da recuperação, pois os bancos estão empurrando a empresa para lá”, destacou a fonte.
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Um dos bancos credores disse que até agora as instituições não estão conversando entre si, pois todos estão tentando reaver seus crédito. Esse executivo lembrou que a Americanas ainda não buscou conversar com os credores desde que nomeou a Rotschild.
Essa disputa travou os diálogos entre a Americanas e os bancos, contam fontes próximas às negociações. Desde a última quinta-feira, enquanto a companhia prioriza esforços para alcançar acordo com os credores, advogados correm contra o tempo para montar o pedido de recuperação judicial.
Quando pediu à Justiça uma tutela cautelar protegendo a empresa contra execuções antecipadas de débitos, a Americanas afirmou em petição contar com mais de R$ 8 bilhões em caixa. Alertava, porém, que esse montante poderia ser consumido se as instituições financeiras liquidassem seus créditos antes do prazo.
"O vencimento antecipado de obrigações financeiras acarretará, portanto, um efeito cascata, o que poderá colocar as Requerentes em situação pré-falimentar", sustentavam os advogados da Americanas na petição.
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Este cenário parece estar se confirmando. Dos R$ 8 bilhões em caixa, a Americanas calculava ter R$ 3 bilhões vindos de recebíveis de fornecedores antecipados junto aos bancos. Como a disputa por pagamentos de débitos esquentou, os bancos se recusaram a fazer a operação.
É que uma medida da Justiça do Rio do último dia 13 atendeu o pedido da Americanas, protegendo a empresa contra a execução de dívidas antecipadas, mas foi além. Ela retroagiu ao dia do anúncio do problema financeiro, obrigando que liquidações já realizadas fossem desfeitas.
A decisão puxou uma reação mais agressiva dos bancos, puxada pelo BTG Pactual, que teria de devolver R$ 1,2 bilhão a Americanas. E recorreu a Justiça pedindo a derrubada da cautelar e argumentando que o problema financeiro da varejista seria decorrente de fraude na gestão da companhia.