Eike, metrô e refinaria: veja a atuação no Brasil do fundo Mubadala, dos Emirados Árabes, que Lula visita hoje

Um dos quatro veículos soberanos de investimentos do país asiático atua em mais de 50 países e tem uma atuação de longo prazo no Brasil, onde iniciou seus negócios em 2011

Por O Globo — Rio


Logo do Mubadala Jonathan Drake/Bloomberg News

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou neste sábado em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos (EAU), em uma breve escala antes de voltar ao Brasil depois de uma viagem de dois dias à China. Na agenda, consta uma reunião com empresários e investidores, entre eles o Mubadala, fundo soberano de Abu Dhabi que administra US$ 243 bilhões em ativos no mundo.

Os Emirados Árabes Unidos são hoje os maiores investidores do Oriente Médio no Brasil: os investimentos superam US$ 10 bilhões. Entre os quatro principais fundos soberanos do país, o Mubadala Development Company é o que tem maior presença no Brasil. E há muito tempo.

Lula é recebido com pompa no Palácio Presidencial de Abu Dhabi — Foto: Ricardo Stuckert/PR

Atuando em mais de 50 países , o Mubadala iniciou uma forte leva de investimentos no Brasil em 2011, quando se tornou parceiro de projetos de infraestrutura do ex-bilionário Eike Batista. O império X naufragou, mas o fundo reorganizou seus negócios levando algumas empresas que eram do grupo e expandindo sua atuação em outras áreas.

Um dos negócios mais recentes do Mubadala no Brasil foi a compra, em 2021, da Refinaria Landulpho Alves, na Bahia, a primeira vendida pela Petrobras no processo de desinvestimentos intensificado pela companhia no governo de Jair Bolsonaro (PL). O valor do negócio foi de cerca de R$ 1,8 bilhão, frequentemente alvo de críticas de sindicalistas e de petistas que o consideram muito baixo.

Após Petrobras, refinaria privada da Bahia aumenta preços de combujstíveis — Foto: Divulgação

O Mubadala criou no Brasil a subsidiária Acelen para assumir a gestão da Landulpho Alves, que passou a se chamar Refinaria de Mataripe, seu nome original. Agora, o governo Lula decidiu interromper a venda de refinarias e outros ativos da Petrobras.

A política de preços de combustíveis da estatal é de grande interesse para o Mubadala, já que uma eventual retomada de subsídios pode afetar a competitividade de sua refinaria na Bahia.

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Desde a aquisição da refinaria, a Acelen passou a praticar reajustes sucessivos no preço dos combustíveis produzidos ali, fazendo com que a Bahia passasse a ter um das gasolinas mais caras do país, segundo monitoramento da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), faz parte da comitiva de Lula no país árabe.

Controle do metrô carioca

O Mubadala também adquiriu o controle da concessionária Metrô Rio, que pertencia à Invepar, fundo de investimentos de capital brasileiro, que entrou em crise e tinha uma dívida de R$ 1,8 bilhão com o fundo.

Estação do metrô na Cinelândia, no Centro do Rio — Foto: Divulgação/MetroRio

O Mubadala também adquiriu a participação da gestora de recursos Farallon na rodovia Rota das Bandeiras por cerca de R$ 2 bilhões. Com isso, passou a ser o único controlador da empresa, que opera quase 300 quilômetros de concessão rodoviária no interior de São Paulo.

Em agosto do ano passado, em um movimento de diversificação de sua atuação no país, o Mubadala apresentou, por meio do Mubadala Capital, uma proposta para comprar 45,15% do Burger King no Brasil, mas, depois de dois meses, desistiu da negociação, alegando falta de transparência do Restaurant Brands International, dona da marca e também do Popeyes.

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