Por que líder da Toyota prevê que carros elétricos não ultrapassarão 30% da frota mundial

Presidente do Conselho de Administração da montadora japonesa, maior vendedora de automóveis hoje no mundo, insiste em sua tese de que transição energética automotiva não será tão rápida como se diz

Por Bloomberg — Tóquio


FT-3, veículo elétrico da Toyota: montadora japonesa não aposta todas as cartas na transição para baterias Shoko Takayasu/Bloomberg

O presidente do Conselho de Administração da Toyota Mortor, Akio Toyoda, expressou recentemente uma previsão que destoa do crescente otimismo em relação à expansão dos carros elétricos, capazes de reduzir as emissões de carbono dos transportes no mundo, que estão entre os principais vilões das mudanças climáticas.

O executivo da montadora japonesa acredita que os veículos de baterias elétricas alcançarão no máximo 30% do mercado global de automóveis, com o restante suprido por carros híbridos, movidos por células de hidrogênio combustível e os de combustão de combustíveis de origem fóssil.

Akio Toyoda, presidente do conselho da Toyota — Foto: Gustavo Miranda/8-8/2012

Com 1 bilhão de pessoas no mundo vivendo sem eletricidade, limitar suas escolhas e capacidade de se locomover fabricando carros mais caros não é a solução, afirmou o neto do fundador da companhia durante um evento de negócios realizado este mês, de acordo com declarações que só foram publicadas na plataforma de mídia da empresa ontem.

“Clientes — nãos reguladores ou políticos — devem tomar essa decisão”, ele afirmou.

Atualmente a maior montadora de automóveis no mundo, a Toyota tem enfrentado críticas por supostamente estar ficando para trás na transição energética de veículos.

A empresa vem respondendo a isso afirmando que seus veículos híbridos, o investimento na tecnologia do hidrogênio e uma abordagem holística da transição energética — em vez de apostar todas as fichas na substituição de motores por baterias elétricas — acabarão se mostrando adiante a melhor abordagem para o negócio, os clientes e o meio ambiente.

A declaração do presidente do conselho da montadora japonesa vai nesse sentido. No início deste mês, Toyoda anunciou um projeto para desenvolver novos motores de combustão. “Os motores certamente permanecerão”, afirmou o executivo, segundo a publicação da empresa. Mas não ficou claro se os comentários dele se referiam às vendas de carros novos ou aos que já estão em circulação.

Os veículos elétricos devem representar 75% das vendas de automóveis novos e 44% dos veículos de passageiros em circulação até 2040, de acordo com uma previsão da BloombergNEF.

No entanto, Toyoda tem sido um defensor por anos de uma “abordagem de multicaminhos”, argumentando que os clientes podem escolher qualquer tipo de motor que se adapte às suas necessidades. Ele também diz que a mudança para veículos elétricos não acontecerá tão rapidamente como muitos pensam.

No ano passado, o CEO da Toyota, Koji Sato, afirmou que a montadora venderia 1,5 milhão de veículos elétricos a bateria por ano até 2026 e 3,5 milhões até 2030. No ano passado, a montadora japonesa bateu recorde de vendas de automóveis no mundo, vendendo um pouco mais que os 9 milhões de unidades de 2019, até então melhor marca.

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