Suzano desiste de comprar a gigante americana de celulose International Paper. Entenda por quê

Companhia brasileira de celulose poderia ter de pagar mais de US$ 15 bi pela americana, o que desagradou investidores na Bolsa brasileira

Por O Globo — Rio


Fábrica da Suzano em Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo Divulgação / Suzano

RESUMO

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GERADO EM: 26/06/2024 - 21:51

Suzano desiste de adquirir International Paper

Suzano desiste de comprar a International Paper por mais de US$ 15 bi, devido à falta de engajamento da empresa americana. A aquisição poderia criar uma potência global de celulose e papel, mas a oferta alta afetou a classificação de crédito da Suzano.

A Suzano desistiu de seu plano para comprara gigante americana de celulose International Paper, informou há pouco a companhia brasileira em comunicado ao mercado. A companhia não informou qual foi a sua oferta, mas informações de mercado davam conta de um negócio superior a US$ 15 bilhões (quase R$ 83 bilhões pelo câmbio de hoje).

Em fato relevante divulgado hoje, a Suzano informou que " após algumas tratativas com a International Paper Company a respeito de uma potencial transação entre as empresas, a companhia alcançou o que entende ser o preço máximo para que a transação gerasse valor para a Suzano, sem que houvesse engajamento da outra parte. Portanto, em observância ao seu compromisso com a disciplina de capital, a Suzano formaliza que não seguirá na busca de uma transação envolvendo a aquisição da International Paper".

O texto, assinado pelo diretor executivo de Finanças e de Relações com Investidores da companhia brasileira de celulose, Marcelo Bacci, ainda finaliza sobre as tratativas frustradas: "Cabe destacar que sempre foi condição da Suzano para a concretização desta transação que houvesse o engajamento entre as partes em bases privadas, confidenciais e amigáveis. Não tendo sido possível avançar dessa forma, a Suzano optou por encerrar as tratativas."

Nos últimos dias, o novo CEO da International Paper (IP), Andrew Silvernail, foi visto em Londres negociando uma possível fusão com a britânica DS Smith, que envolveria pouco mais de US$ 7 bilhões, numa tentativa de minimizar o impacto no negócio da ofensiva da gigante brasileira de celulose Suzano pela companhia americana.

Segundo fontes da agência Bloomberg, a Suzano vinha refazendo sua oferta para tentar ficar com a IP, mas não teve capacidade de alcançar o preço por ação exigido pelos acionistas da americana.

A International Paper concordou em abril em comprar a DS Smith numa transação integral de ações, mas uma aquisição pela Suzano quase certamente frustraria esse negócio. A Suzano, atualmente a maior produtora mundial de celulose, teria reformulado sua oferta para comprar a IP, disseram pessoas envolvidas nas conversas, depois de a empresa norte-americana rejeitar uma proposta informal anterior que avaliou a empresa em quase US$ 15 bilhões.

Controlador empenhado pessoalmente

David Feffer, presidente do Conselho de Administração e membro da família que controla a Suzano, estava entusiasmado com um acordo com a International Paper e esteve pessoalmente envolvido na elaboração da proposta, disseram pessoas com conhecimento da negociação à Bloomberg.

O comunicado de hoje indica que a ofensiva não foi bem-sucedida. O desfecho pode ter um lado positivo para a companhia brasileira, já que o alto investimento necessário para fazer a aquisição fez seus papéis sofrerem na Bolsa nos dias em que foram divulgados detalhes das negociações. Havia dúvidas sobre até que ponto a empresa brasileira poderia aumentar a oferta sem prejudicar sua classificação de crédito.

Uma aquisição da IP pela Suzano criaria uma potência global de celulose e papel capaz de lidar com todas as etapas dessa indústria, desde o plantio de árvores de eucalipto até a distribuição de caixas de papelão ondulado, com operações que abrangem da América do Norte ao Japão.

A Suzano já controla quase um terço da capacidade global de celulose de fibra curta, uma matéria-prima essencial para papel higiênico e de escrita e impressão.

*Com informações da Bloomberg

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