Além de ex-CEO e ex-diretora da Americanas, ao menos 88 brasileiros fazem parte da lista da Interpol

Lista pública da Difusão Vermelha da Organização Internacional de Polícia Criminal conta com 6.785 procurados, desses 88 são brasileiros

Por — Rio de Janeiro


Foragidos americanas Foto: Reprodução

RESUMO

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GERADO EM: 28/06/2024 - 04:00

Brasileiros foragidos na Interpol

Interpol lista 88 brasileiros foragidos, incluindo ex-CEO da Americanas. Carlos Ghosn e Viúva Negra estão entre os procurados. Alguns casos de crimes chocantes também são destacados.

A listagem pública da Difusão Vermelha da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) conta com 6.785 procurados internacionais. Desses, 88 são brasileiros foragidos. Com isso, os integrantes da lista são procurados nos países que fazem parte da rede internacional de polícias e podem ser presos em qualquer um desses locais.

Na manhã de quinta-feira, a Polícia Federal deflagrou uma operação contra ex-diretores da Americanas, acusados de fraudes contábeis que chegam a R$ 25,3 bilhões. Miguel Gutierrez, ex-CEO da Americanas, e Anna Christina Ramos Saicali, ex-diretora da varejista, foram alvos de mandados de prisão, mas estão no exterior e terão os nomes incluídos na lista da Interpol.

De acordo com o colunista Lauro Jardim, o ex-CEO vive em Madri há um ano e tem cidadania espanhola. Anna Christina Ramos Saicali foi para Portugal no último dia 15, segundo a colunista Malu Gaspar. Segundo fontes da coluna, a executiva não tem cidadania portuguesa e está no país europeu com um visto de trabalho.

Na listagem da Interpol, quando pesquisados os brasileiros foragidos por crimes cometidos no Brasil, o número cai de 88 para 57. No site, cada procurado possui um perfil, com nome completo, data e local de nascimento, e o crime cometido. Em alguns casos, também há informações físicas e línguas faladas.

Entre nomes conhecidos, está o ex-executivo, responsável pela aliança firmada entre a montadora Nissan, a francesa Renault e a japonesa Mitsubishi Motors, Carlos Ghosn, de 70 anos. Brasileiro, ele também tem cidadania francesa e libanesa, e é acusado de fraude fiscal no Japão.

No final de 2019, o magnata saiu de forma inesperada do país asiático, onde estava enfrentando um julgamento por irregularidades financeiras, para o Líbano, sua terra natal. À época, ele alegou que não iria mais ser "refém de uma justiça japonesa manipuladora".

Sua fuga espetacular teve um roteiro de cinema e envolveu, além da ajuda de ex-militares de elite, viagem de trem bala, disfarce com chapéu e máscara cirúrgica, num tempo em que a pandemia ainda estava bem no início.

Ex- CEO da Nissan, Carlos Ghosn — Foto: Bloomberg

Heloísa Gonçalves Duque Soares Ribeiro, 74, conhecida como "Viúva Negra" também está na lista, condenada por quatro homicídios e duas tentativas de homicídios, contra ex-companheiros. Os crimes começaram em 1971, quando o médico alemão, com que era casada, sofreu um acidente de carro misterioso. Seis meses depois, ela deu à luz a sua filha, que herdou o dinheiro do médico. Ela também é procurada pelo FBI (Departamento Federal de Investigação), nos Estados Unidos.

Heloísa Gonçalves é procurada pela Interpol — Foto: Reprodução

Silvana Seidler, de 57 anos, também é uma das procuradas, condenada por matar sufocada a própria filha Carolina Seidler, na época com 7 anos, em Tubarão, em Santa Catarina. Nascida em Capão da Canoa (RS), ela está foragida desde 2014, quando cometeu o crime. O corpo da filha foi encontrado coberto por roupas e com brinquedos ao redor, na casa que elas moravam.

Além de Heloísa e Silvana, há outras quatro mulheres brasileiras procuradas pela Interpol. Debora de Souza da Paixão, de 38 anos, por tráfico de drogas; Maria Jussara da Conceição Ferreira Santos, 51, por integrar uma organização criminosa; Marcia Liziane Costa Vieira, 38 anos, por roubo, e Rosirene Vieira, 48 anos, por tráfico internacional de drogas.

O brasileiro mais jovem a integrar a lista é o paranaense Davi Cristian Aparecido da Silva, de 23 anos. Ele é procurado pelos crimes de organização criminosa, homicídio qualificado e posição ilegal de arma de fogo de uso restrito. Já o mais velho, é o brasileiro Jose Ribamar da Silva, de 78 anos, condenado por abuso sexual de menores.

Brasileiro mais jovem a integrar a lista é o paranaense Davi Cristian Aparecido da Silva — Foto: Reprodução

Procurada pelo O GLOBO, a Polícia Federal informou que as difusões vermelhas podem ser públicas ou restritas — quando são consultadas apenas pelos sistemas internos da Interpol. "Não nos manifestamos publicamente acerca da existência ou não de uma Difusão Vermelha restrita".

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