BTG quer triplicar investimento em imóveis na Europa e mira hotéis de luxo e shoppings

Banco prevê investir cerca de R$ 6 bilhões em até três anos, de olho em clientes latino-americanos interessados no setor imobiliário europeu

Por Bloomberg — São Paulo


The Oitavos, hotel de luxo em Cascais, Portugal, que foi comprado pelo BTG Divulgação/BTG

RESUMO

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GERADO EM: 28/06/2024 - 12:02

BTG Pactual expande investimentos em imóveis de luxo na Europa

BTG Pactual planeja triplicar investimentos em imóveis na Europa, mirando hotéis de luxo e shoppings. Banco já investe milhões em Portugal e expandirá para Espanha, visando clientes latino-americanos e europeus. Mercado imobiliário em ascensão.

O BTG Pactual, maior banco de investimento independente da América Latina, planeja mais do que triplicar seus investimentos imobiliários na Europa para cerca de € 1 bilhão ( o equivalente a cerca de R$ 5,9 bilhões) nos próximos dois a três anos.

O banco brasileiro, que já tem quase € 6 bilhões (R$ 35,5 bilhões) em fortunas sob gestão na Europa, levantou recursos nos últimos anos para comprar hotéis históricos em Portugal, onde também está investindo em shopping centers como parte de uma estratégia para renová-los e vendê-los ao longo dos cinco anos seguintes.

— O banco atrai muitas ofertas de investimento, mais de 150 desde que começamos a planejar a compra de propriedades na Europa durante a pandemia. Estamos aproveitando essas oportunidades — disse Michel Wurman, sócio responsável pelo investimento imobiliário do BTG.

A tomada do velho continente pelo BTG faz parte de um plano que começou com objetivo de atender a clientes brasileiros ricos que vivem na Europa. Agora, tem como alvo outros latino-americanos e europeus com serviços de private banking, wealth management e investimento imobiliário.

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O BTG tem escritórios em Londres, Lisboa e Madri, e comprou um banco em Luxemburgo por € 21 milhões (R$ 124 milhões) no ano passado, reforçando sua atuação no segmento de gestão de fortunas.

A ideia, segundo Rui Ruivo, sócio do BTG baseado em Portugal, é ser oportunista e rápido na oferta de dinheiro imediato nos casos dos chamados “ativos-troféu”, propriedades raras e com grande procura. O BTG já tem três fundos imobiliários com um total de € 320 milhões (R$ 1,9 bilhão) investidos em Portugal, com rentabilidade de 10% a 20% ao ano.

De acordo com Wurman, o banco continuará comprando imóveis lá e expandirá também para a Espanha, com foco inicial em logística. O foco são projetos que geralmente são grandes demais para uma pessoa física ter escala para comprar e, ao mesmo tempo, não têm tamanho para atrair fundos globais internacionais.

O plano, segundo Wurman, é comprar de dois a três projetos por ano para “nossos clientes de private banking, outros family offices e sócios do BTG”. Oportunidades com ativos problemáticos também estão no radar do BTG, de acordo com Ruivo.

Em 2022, o BTG comprou o Hotel Estoril Eden, em Cascais, Portugal. Com um investimento total de € 120 milhões (R$ 710 milhões), o hotel está sendo remodelado em parceria com o desenvolvedor português Luís Godinho Lopes para incluir 20 residências privadas. Essas unidades estão sendo vendidas por cerca de € 22.000 (R$ 130 mil) por metro quadrado.

— Achávamos que venderíamos quase 20% abaixo do preço que estamos conseguindo hoje em dia — contou Wurman.

Em parceria com Renato Rique, presidente do Conselho de Administração da Allos, operadora de shopping centers com sede no Rio de Janeiro, o BTG também comprou shopping centers em Portugal. Até agora, foram investidos cerca de € 50 milhões (R$ 295,5 milhões).

— A ideia é fazer um portfólio relevante de pequenos e médios shopping centers. Estamos obtendo rendimentos atraentes de até 10%. — completou Wurman.

O BTG também investiu € 150 milhões (R$ 887 milhões) para adquirir o Oitavos, um hotel de luxo em Cascais, perto de onde o craque português de futebol Cristiano Ronaldo construiu uma nova casa.

O BTG está reformando o prédio do hotel e adicionando 40 residências conectadas a ele com a ajuda do arquiteto e designer francês Philippe Starck. Apenas cerca de 50% dos investidores são da América Latina, sendo o restante da Europa e dos EUA, disse Ricardo Borgerth, chefe de gestão de fortunas na Europa do BTG.

— Portugal aos poucos está se tornando o local de desejo dos milionários, bilionários, com bons restaurantes e hotéis — disse Borgerth.

Cerca de 80% das fortunas sob gestão pelo BTG na Europa são de famílias latino-americanas e o restante é europeu.

— A gente está replicando o sucesso que tivemos em Portugal na Espanha, onde temos visto um enorme fluxo dos nossos clientes do Peru, Colômbia, Argentina e México para Madri, aproveitando benefícios fiscais — contou Borgerth.

O BTG concluiu a aquisição do FIS Privatbank em Luxemburgo por € 21,3 milhões (R$ 126 milhões) em setembro. O banco pode agora oferecer crédito e serviços de custódia para clientes europeus e tem cerca de 50 funcionários. Tem 20 colaboradores em Lisboa, 10 em Madri e 45 em Londres.

Valor de mercado de cerca de R$ 127 bi

O BTG, fundado pelo bilionário André Esteves, viu o total de fortunas sob gestão crescer para R$ 756 bilhões no fim do primeiro trimestre, um aumento de 33% em relação ao mesmo período do ano passado. As ações do banco renderam 193% nos últimos cinco anos, incluindo dividendos, e o valor de mercado está em cerca de R$ 127 bilhões.

Como a Inglaterra está reduzindo o período durante o qual os residentes não-domiciliados têm benefícios fiscais, muitos clientes do BTG estão se mudando para Portugal e Itália, acrescentou Borgerth, explicando que essa é uma das razões pelas quais o BTG está considerando abrir um escritório na Itália:

—Isso ainda está em um estágio bem embrionário.

R$ 30 bi em investimentos imobiliários no mundo

Globalmente, o BTG tem R$ 30 bilhões em investimentos imobiliários, incluindo propriedades no Brasil, Chile, México e Colômbia. Nos Estados Unidos, os parceiros e clientes do banco estão a investir em imóveis em dificuldades através de fundos geridos pelo Madison Capital Group.

Nesta semana, o BTG anunciou que fechou acordo para a aquisição do capital social do banco M.Y. Safra, com sede nos Estados Unidos, e fundado há mais de 10 anos. O banco de Nova York não tem relação com o Banco Safra, o quarto maior banco de controle privado do Brasil levando-se em conta seus totais de ativos.

— Estamos analisando outros veículos para entender melhor o mercado americano. O mercado imobiliário tem muito a ver com os players locais — afirmou Wurman.

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