Após ações caírem 25%, Azul diz que montou plano estratégico para reforçar o caixa

Empresa avalia opções para vencimento da dívida; segundo a Bloomberg companhia estaria estudando até pedir recuperação judicial nos EUA

Por — Rio


Airbus A330 da Azul Azul / Divulgação

RESUMO

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GERADO EM: 29/08/2024 - 11:58

Crise na Azul: Ações caem e empresa avalia recuperação judicial nos EUA

Ações da Azul despencam mais de 25% e negociações são interrompidas na Bolsa. Empresa considera opções, incluindo possível pedido de recuperação judicial nos EUA. Azul busca alternativas como oferta de ações e fusão com a Gol para lidar com dívidas. Gol também enfrentou pedido de Chapter 11 nos EUA.

Depois de uma queda de mais de 25% no início do pregão de hoje, a Azul informou, em fato relevante ao mercado, que montou um plano estratégico para melhorar a estrutura de capital e o caixa. A Azul afirmou que está em “negociações ativas” com os principais acionistas para otimizar a reestruturação de sua dívida conforme previsto em acordo fechado no ano passado.

Diz ainda que esses investidores demonstram “apoio e as negociações estão avançando na direção dos melhores resultados para todas as partes”.

Ainda no fato relevante, a aérea reforça poder fazer captação adicional de recursos usando a Azul Cargo como garantia num valor de até US$ 800 milhões, havendo ainda outras fontes disponíveis. E lembrou da aprovação, na terça-feira, de uma linha de crédito para as companhias brasileiras.

O fato relevante foi divulgado após a agência de notícias Bloomberg ter informado, citando pessoas a par do assunto, que a Azul está avaliando opções que vão desde uma oferta de ações a um pedido de proteção contra credores nos EUA, conhecido como "Chapter 11", enquanto luta para cumprir obrigações de dívida com vencimento iminente, disseram fontes a par do assunto.

'Mal-interpretada'

A Azul classificou a notícia da Bloomberg como “mal-interpretada”. E lembrou, conforme informado em sua apresentação de resultados do segundo trimestre, realizada no último dia 12, que a empresa foi “severamente” impactada no período por fatores como a desvalorização do real frente ao dólar; pela redução da operação doméstica em consequência das enchentes no Rio Grande do Sul — que fechou o aeroporto de Porto Alegre, que tem reabertura prevista para o próximo mês.

Além disso, informou que houve ainda uma redução temporária de sua malha internacional no primeiro semestre e atrasos em entregas de novos aviões pelos fabricantes.

Sobre uma parceria ou combinação de negócios com a Gol, que está em recuperação judicial nos Estados Unidos, a Azul disse que mantém discussões com o Abra, controlador da concorrente para explorar as possibilidades. Até aqui, porém, não houve acordo fechado.

Negociação com a Gol

Segundo a Bloomberg, a companhia aérea vem trabalhando para acelerar a eventual fusão com a Gol, para assim convencer os credores de que uma nova companhia combinada teria níveis mais baixos de dívida e melhores perspectivas de crescimento.

Segundo relatório da Ativa Investimentos, "preocupam as novas condições que a empresa pode encontrar neste momento para se refinanciar dado o estágio atual do câmbio, preços do querosene de aviação e sua alavancagem, que atingiu 4,5% no segundo trimestre".

O papel da Azul foi rebaixado de "compra" para "neutro" no último dia 12 de agosto pelo BTG Pactual: "devido aos desafios relacionados ao endividamento, estamos rebaixando nossa classificação das ações da empresa, enquanto a alavancagem permanecer uma questão de curto prazo". O banco reduziu também o preço-alvo da ação de R$ 33 para R$ 17.

Queda livre

As ações da Azul entraram em leilão durante o pregão desta quarta-feira. Às 11h22, os papéis da empresa caíam 25,52%, valendo R$ 5,40. O mecanismo é ativado quando há forte variação no preço do papel, onde as trocas são interrompidas por um intervalo de tempo de, no mínimo, 20 minutos.

Os papéis encerraram o dia com queda de 24,14% a R$ 5,50. Ao todo, a azul perdeu R$ 610 milhões em valor de mercado. No acumulado do ano, as ações da companhia acumulam desvalorização de 65,5%.

Prejuízo

No segundo trimestre, a Azul registrou um prejuízo de R$ 3,8 bilhões, ante um resultado positivo em R$ 23,9 milhões em igual período de 2023. A dívida líquida da companhia aérea subiu 39%, na comparação anual, e 18% ante ao trimestre anterior, para R$ 24,6 bilhões.

Em razão dos fatores listados pela empresa aérea que impactaram negativamente o resultado, as estimativas de desempenho revisadas também foram anunciadas. A expansão na oferta de assentos este ano deve ser de 7%, contra 11% na previsão anterior.

O Ebitda anual, importante indicador de geração de caixa da empresa, está estimado em R$ 6 bilhões, enquanto antes seria de R$ 6,5 bilhões.

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