Em comunicado interno, Sergio Rial diz que rombo total na Americanas ainda será calculado

Executivo deixou cargo de presidente da varejista em nove dias após encontrar 'inconsistências contábeis' de ao menos R$ 20 bi

Por Ivan Martínez-Vargas — São Paulo


Sergio Rial em evento do Valor Silvia Constanti/Valor

Agora ex-presidente da Americanas, Sergio Rial enviou na noite de quarta-feira um comunicado aos funcionários da companhia e de empresas controladas do grupo no qual reitera que "os lançamentos contábeis inconsistentes" que o levaram a renunciar precisam ser agora corrigidos" e que "não está certo ainda a quais anos (...) se referem". Com isso, a estimativa inicial de R$ 20 bilhões de rombo pode ser superada.

No texto enviado aos funcionários, Rial anuncia que será assessor dos acionistas de referência, (a 3G Capital, fundada por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira), e que o recém-nomeado presidente interino da Americanas, João Guerra, ficará "até a finalização dos trabalhos de identificação de todas as inconsistências".

Jorge Paulo Lemann, fundador da 3G Capital e homem mais rico do Brasil — Foto: Dania Maxwell/Bloomberg

Dois funcionários da Americanas confirmaram ao GLOBO terem recebido o documento. Assinado por Rial, ele reitera que "a empresa (Americanas) mostra sinais claros de retomada de vendas" e que "a posição de caixa é sólida".

"Eu seguirei apoiando a outra esteira, focada na reestruturação da situação patrimonial da empresa, apoiando os nossos acionistas de referência, aí como assessor", diz Rial no texto obtido pela reportagem.

"Não faltarão aqueles que queiram maldizer, gerando dúvidas sobre o nosso futuro. É verdade que o impacto possa ser importante, mas acreditamos que juntos (...) garantiremos os próximos trimestres. Em varejo, um dia de cada vez", afirma o executivo em outra parte do texto.

A saída de Rial e do diretor de relações com investidores da empresa, André Covre, foi anunciada nesta quarta-feira em comunicado ao mercado que caiu como uma bomba na empresa. Internamente, há a expectativa de que Rial participe de um evento nesta quinta-feira para esclarecer os fatos.

No mercado, a apreensão se dissemina também em relação à PwC, uma das maiores empresas de auditoria do planeta e que é quem audita as demonstrações financeiras da Americanas. Procurada, a PwC não quis comentar.

A reportagem questionou a Americanas sobre o comunicado interno, mas a companhia não se manifestou.

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