FMI vê 2023 como 'ponto de inflexão' para a economia global; Brasil vai crescer mais que o previsto

Fundo revisa expansão econômica mundial para 2,9%, com fim de política de Covid zero da China e força do consumo americano. Previsão, porém, fica abaixo do desempenho de 2022

Por Bloomberg — Washington


Na China, recuperação da economia pode ser travada por aumento de casos de Covid e desaceleração mais acentuada do setor imobiliário Bloomberg

O Fundo Monetário Internacional (FMI) vê o ano de 2023 como o ano da virada na economia global. Embora a atividade econômica mundial vá desacelerar em relação ao ano passado, nas projeções do Fundo, a perspectiva é que o risco de recessão foi afastado e que o PIB volte a crescer no ano que vem. A previsão está no World Economic Outlook, divulgado na noite desta segunda-feira.

Embora o Fundo avalie que os bancos centrais vão continuar a elevar juros para controlar a inflação, a instituição cita sinais de resiliência nos gastos das famílias nos Estados Unidos e reabertura da China, com o fim da política de Covid zero, como razões para uma perspectiva mais otimista.

De acordo com o Fundo, o PIB mundial deverá crescer 2,9% neste ano, ante os 2,7% previstos na edição de outubro de seu relatório de monitoramento da economia global. Em 2022, a expansão foi de 3,4% e a previsão para 2024 é de crescimento de 3,1%.

Por isso, o Fundo diz que a economia terá um “ponto de inflexão” em 2023. Foi a primeira vez que o órgão revisou para cima sua perspectiva de crescimento da economia global em um ano.

Para o Brasil, a estimativa do Fundo é que o crescimento será de 1,2% neste ano, ante 1% na previsão anterior. Para 2024, a projeção é de expansão de 1,5%. O FMI melhorou também sua estimativa para 2022, com um avanço de 3,1% do PIB brasileiro. No relatório de outubro, a previsão era de crescimento de 2,8%.

Projeções do FMI para as principais economias globais — Foto: Arte O Globo

Na China, a projeção foi revisada para 5,2% em 2023 (ante 4,4% em outubro), após crescimento estimado de 3% no ano passado. O país asiático e a Índia vão responder por quase metade da expansão mundial prevista para este ano, segundo o Fundo. A economia indiana vai crescer 6,1% em 2023.

Reino Unido em recessão e Rússia volta a crescer

Desde o último relatório do Fundo, a China reverteu sua política de Covid-zero, marcada por lockdowns para conter a pandemia e embarcou em um rápido processo de reabertura. Outro fator de alívio citado pelo Fundo foi o fato de que a crise de energia na Europa se mostrou menos severa do que inicialmente imaginado.

Além disso, o enfraquecimento do dólar tem dado algum alívio aos mercados emergentes.

As sinalizações do Fundo para a perspectiva econômica global mostram uma mudança de tom. As principais autoridades do FMI passaram grande parte do ano passado alertando sobre os riscos de uma recessão generalizada. O instituição cortou suas perspectivas para 2023 três vezes no ano passado. E chegou a prever que um terço da economia global poderia entrar em recessão neste ano.

O Reino Unido é uma exceção. Será a única economia do G7 (que reúne as economias mais avançadas do mundo) a entrar em recessão em 2023. Até a Rússia, que ainda está em guerra e sob sanções, vai voltar a crescer.

Apesar das projeções mais otimistas, o Fundo alertou para o fato de que a luta contra a inflação ainda não acabou e instou os bancos centrais a não mudarem de rumo.

- A luta contra a inflação está começando a dar resultado, mas os bancos centrais devem continuar seus esforços - afirmou Pierre-Olivier Gourinchas, economista-chefe do FMI.

Inflação menor em 2023

A previsão é que a inflação desacelere para 6,6% neste ano, 0,1 ponto percentual acima da projeção de outubro, mas abaixo dos 8,8% em 2022. Em 2024, o órgão prevê uma nova desaceleração para 4,3%.

Ainda assim, a instituição avalia que a guerra na Ucrânia continuará a pesar sobre a atividade econômica e sobre os preços. Outros risco citado pelo Fundo no relatório são novas ondas de Covid e uma desaceleração mais acentuada do que o esperado no setor imobiliário chinês. O elevado endividamentos dos países emergentes é igualmente mencionado.

- As perspectivas não pioraram desta vez, o que em si é uma boa notícia. Mas não é o suficiente. Ainda existem alguns desafios para caminharmos rumo a uma recuperação sustentável, ampla e duradoura - disse o economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas.

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