Josué Gomes notifica Elias Haddad e diz que segue como presidente da Fiesp

Por e-mail, vice-presidente informou dirigentes da entidade que assumiu o posto no lugar do empresário

Por Cleide Carvalho e Ivan Martínez-Vargas — São Paulo


A sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) Edilson Dantas/O GLOBO

Destituído da presidência da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) em uma assembleia realizada na última segunda-feira, à sua revelia, o empresário Josué Gomes encaminhou notificação judicial ao vice-presidente Elias Miguel Haddad na noite desta sexta-feira, afirmando que recebeu com surpresa a informação de que ele assumiu o posto. No documento, o empresário torna sem efeito qualquer deliberação tomada em sua ausência e classifica o ato como "atitude é isolada, desproporcional e irresponsável", que fere o estatuto da entidade.

"Não será uma assembleia clandestina, que sequer tinha itens para deliberar que colocará nossa entidade em riscos econômicos, jurídicos e de credibilidade", afirma o empresário no documento, acrescentando que nenhum ato está autorizado pela presidência, incluindo eventual e abusiva demissão de funcionários.

Gomes advertiu que os responsáveis sofrerão consequências administrativas, trabalhistas e "eventualmente em outras esferas" e que a notificação extrajudicial dá ciência a todos sobre a ilegalidade dos atos praticados na tarde desta sexta-feira, "que comprovam a desabrida reiteração de atos ilícitos e a ambição de a qualquer modo ocupar indevidamente a presidência" da entidade.

A notificação extrajudicial classifica a destituição de Gomes como "propósito escuso" por não ter sido feita qualquer acusação formal contra ele e não ter sido votada numa assembleia convocada especificamente para esse fim.

Gomes foi destituído numa segunda assembleia realizada no mesmo dia, após deixar a sede da entidade. Na primeira assembleia, o empresário respondeu a questionamentos feitos sobre sua gestão. O advogado Miguel Reale Junior, que representa Gomes, afirma que as perguntas feitas foram respondidas e são insuficientes para a destituição. A votação de destituição deveria, segundo o entendimento de Reale Junior, ter sido precedida de acusação formal contra o empresário, o que não ocorreu .

Na avaliação do advogado, a destituição de Gomes foi um golpe.

A notificação de Gomes foi dirigida a diretores, funcionários e colaboradores da Fiesp depois que um e-mail enviado pela própria entidade e assinado por Haddad, que é um dos 24 vice-presidentes, ter informado que ele é o novo presidente.

Mais cedo, outra mensagem havia sido enviada pelo segundo diretor-secretário da Fiesp, Ronaldo Koloszuk Rodrigues, a funcionários, em que também afirma que o vice-presidente assumiu a presidência após a alegada destituição de Josué Gomes da Silva do posto. Aos 95 anos, ele é o integrante mais velho da chapa eleita em 2021. Pelo estatuto, o integrante mais velho do conselho assume a presidência em caso de destituição do presidente.

Gomes questiona a validade jurídica da assembleia que votou sua destituição do cargo e pode ir à Justiça para anulá-la. Com a notificação, na prática, a Fiesp tem dois presidentes declarados.

Nesta sexta-feira, na condição de presidente da Fiesp, Gomes esteve em Brasília e se encontrou com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. O empresário tem usado sua proximidade com o novo governo para reverter sua situação na entid

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