Posse de Mercadante no BNDES tem Lula, mais de dez ministros, empresários e até Chico Buarque

Novo presidente do banco diz que quer criar um Eximbank, para estimular o financiamento de exportações brasileiras, e que instituição terá de rever a taxa de juros em seu crédito

Por Carolina Nalin e Letycia Cardoso — Rio


Aloizio Mercadante discursa em cerimônia em que toma posse da presidência do BNDES. No palco, o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin, Janja, Dilma Rousseff, o governador Cláudio Castro, Gilmar Mendes e o prefeito Eduardo Paes Letycia Cardoso

O ex-ministro Aloizio Mercadante tomou posse, nesta segunda-feira, como novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) na sede da instituição, no Rio de Janeiro. A cerimônia foi concorrida como há muito não se via no banco. Além do presidente Lula e de ministros, empresários e até o cantor Chico Buarque estiveram presentes no evento.

Mercadante disse em seu discurso que trabalha num projeto de criar um 'Eximbank', para fomentar as exportações.

— Como diz o nosso ministro Alckmin (o vice-presidente Geraldo Alckmin, que é também ministro da Indústria e Comércio, ao qual o BNDES está subordinado), nós precisamos exportar — disse ele.

Chico Buarque assistiu à cerimônia de posse de Aloizio Mercadante no BNDES — Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo

Mercadante quer mudar cobrança de juros

O novo presidente do BNDES afirmou ainda que é preciso rever a Taxa de Juros de Longo Prazo (TLP), usada pelo banco nos seus financiamentos, para torná-la mais competitiva sobretudo para pequenas e médias empresas.

Em vigor desde 2018, a TLP é atrelada à inflação. Se, por um lado, a tarifa pressionou o bolso dos tomadores de crédito com a escalada dos preços, por outro ajudou a corrigir uma série de distorções do sistema anterior. Antes, os empréstimos tinham por base a TJLP, uma taxa de juros padrão, calculada a partir da estimativa de inflação dos doze meses.

Sem detalhar como seria a mudança na TLP, Mercadante disse que o banco não quer reivindicar “o modelo de subsídios do passado”:

— Atualmente, a TLP apresenta enorme volatilidade e tem custo acima da dívida pública federal, o que prejudica micro e pequenas empresas.

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Ele ainda destacou a necessidade de crescimento do país através da industrialização e enfatizou que um banco de desenvolvimento tem que ter visão de longo prazo, visão estratégica e que contemple não apenas o setor de commodities agrícolas.

— O Brasil não pode ser só a fazenda do mundo. Produtos industriais de alto valor agregado são essenciais para o desenvolvimento do país. Essa é uma pauta fundamental para o futuro do BNDES, precisamos ganhar escala e integrar as cadeias de valor.

Agenda de igualdade e estágio para negros

E disse que a transição para uma economia de baixo carbono será um imperativo para o banco. E que o BNDES será um banco “verde, inclusivo, tecnológico, digital e industrializante”.

Para Mercadante, os compromissos do 'BNDES do futuro', incluem também a agenda de enfrentamento da desigualdade racial, com linhas de crédito que empoderem mulheres e negros. Ele afirmou que “mulheres e negros vão fazer parte da história do BNDES”.

— Seremos promotores de uma sociedade mais justa e inclusiva por meio das nossas linhas de crédito e das ações de fomento que empoderem economicamente mulheres, negros e negras. Temos que empoderar esse empreendedorismo — sinalizou durante discurso.

Mercadante anunciou um programa de estágio exclusivo para pessoas negras e concursos com cotas raciais. O novo presidente pretende, ainda, lançar uma linha de crédito especial para mulheres.

— O compromisso com a igualdade de gênero e racial não será só da porta para fora, mas para dentro. Teremos um ambiente livre de assédio e discriminação.

Apoio a Josué Gomes, da Fiesp

Também declarou respeito à soberania do voto e ratificou a importância de que país “não retroceda na democracia”.

Lula foi acompanhado da primeira dama Janja. Compuseram o palco ainda o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes; o presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes; a ministra Igualdade Racial, Anielle Franco; a ex-presidenta Dilma Rousseff; e o governador do estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro.

Prestigiaram o evento a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva; o da Casa Civil, Rui Costa; da Educação, Camilo Santana; da Secretaria de Comunicação, Paulo Teixeira; do Desenvolvimento Social, Wellington Dias; da Gestão e Inovação, Esther Dweck; da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos; de Portos e Aeroportos, Márcio França; e do Turismo, Daniela Carneiro.

Também compareceram o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, assim como o banqueiro e economista André Lara Resende, o deputado estadual André Ceciliano e Marcelo Freixo, presidente da Embratur.

Entre empresários, esteve Josué Gomes, presidente da Fiesp. Mercadante se dirigiu a ele no seu discurso:

— É muito bom tê-lo à frente da Fiesp — disse.

Ainda em seu discurso de posse, Mercadante anunciou a criação de uma comissão para estudos estratégicos chefiada pelo economista André Lara Resende.

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