Petrobras reduz preço do diesel nas refinarias

Queda de 4,48% vale a partir desta quinta-feira. É a sétima redução seguida desde agosto do ano passado. Só este ano, já foram três cortes


Caminhão é abastecido com diesel em posto na Rodovia Dutra: preço vai cair amanhã Brenno Carvalho / Agência O Globo

A Petrobras anunciou que o preço do diesel vai cair nas refinarias a partir desta quinta-feira. O preço médio de venda passará de R$ 4,02 para R$ 3,84 por litro, uma redução de R$ 0,18 por litro ou 4,48%. É a sétima redução seguida no preço do diesel desde agosto do ano passado. Só este ano, já foram três cortes no preço.

A queda no preço do diesel ocorre em meio a sucessivos recuos na cotação internacional do petróleo. Na semana passada, o barril do tipo Brent, referência no mercado mundial, caiu ao menor patamar em 15 meses, com o temor de que a crise bancária nos EUA e na Europa afetasse a economia global.

Apesar dos sucessivos cortes no Brasil, a nova gestão da Petrobras, que passou a ser comandada pelo ex-senador Jean Paul Prates no governo Lula, avalia mudar a política de preços da estatal, que segue a paridade internacional, com objetivo de ter mais controle sobre os preços.

A queda no valor do diesel vendido nas refinarias não deve ser acompanhada na bomba na mesma proporção, pois há outros elementos na composição de preços dos combustíveis, como lucro da distribuidora e impostos.

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Veja os preços nas refinarias

  • 18/06/2022: R$ 5,61
  • 05/08/2022: R$ 5,41
  • 12/08/2022 : R$ 5,19
  • 20/09/2022: R$ 4,89
  • 07/12/2022: R$ 4,49
  • 08/02/2023: R$ 4,10
  • 01/03/2023: R$ 4,02
  • 22/03/2023: R$ 3,84 (amanhã)

Nesta quinta-feira, o barril do tipo Brent era negociado a US$ 75,25, praticamente estável em relação ao valor do dia anterior, após vários dias de queda. O barril do óleo leve americano, o WTI, que é referência nos EUA, era vendido a US$ 69,51, também com estabilidade.

Os preços do petróleo deram um salto com a guerra entre Rússia e Ucrânia em 2022, já que os russos são um importante produtor, mas vêm recuando com dúvidas sobre os rumos da economia global.

Para Pedro Rodrigues, diretor executivo do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a Petrobras tinha espaço para realizar essa diminuição. Isso porque o câmbio está mais estável no país e o preço do barril teve redução, saindo do patamar acima dos US$ 80 para algo em torno de US$ 75 a US$ 77.

— Outro ponto interessante é que isso mostra que a empresa vem seguido o PPI (Preço de Paridade de Importação), que é tão criticado pelo governo, mas a Petrobras vem seguindo e está respeitando a paridade de importação.

Combustível 2% mais caro no Brasil

Ainda assim, a defasagem do preço do diesel no Brasil em relação ao preço no exterior não tem sido tão alta. Segundo dados da Abicom, que reúne importadores de petróleo e derivados, o preço de venda no Brasil está apenas 2% maior por aqui, considerando os principais polos de produção e o fechamento do mercado do dia 21.

Sergio Araújo, presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), avalia que a redução no preço do diesel foi acima do esperado.

— De fato, o preço está um pouco maior do que no mercado internacional e tinha espaço para redução. No entanto, poderia ser da ordem de R$ 0,10 centavos por litro.

Uma vez que a queda do diesel se deu acima do esperado, o presidente da Abicom avalia que a Petrobras poderia anunciar um relativo aumento nas próximas semanas:

— O mercado internacional está muito volátil, mas hoje tem um viés de subida mostrando que existe uma possibilidade para aumento do preço. Portanto, já que a Petrobras fez uma redução acima do esperado, ela teria que reduzir.

Já Rodrigues, do CBIE, avalia que o nível de redução está dentro do esperado:

— A política de preço é uma política comercial da empresa. (...) E a defasagem indica uma tendência. Quando a defasagem continua com um dígito, pode-se dizer que é uma tendência que está sendo acompanhada.

No que se refere à gasolina, o combustível continua em paridade com o mercado internacional e não há perspectiva de seus preços serem alterados no curto prazo, destaca Araújo.

Em nota, a Petrobras disse que "a redução (do diesel) tem como objetivos principais a manutenção da competitividade dos preços da Petrobras frente às principais alternativas de suprimento dos nossos clientes e a participação de mercado necessária para a otimização dos ativos de refino".

No último dia 28 de fevereiro, um dia antes da volta parcial dos impostos sobre a gasolina, a estatal anunciou corte nos preços do combustível e no diesel.

Como o diesel é usado no transporte de carga, a queda no preço tende a impactar a economia como um todo, pois o custo do frete é influenciado pelo valor do combustível. O recuo no preço, portanto, tende a puxar a inflação para baixo.

Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, destaca que a redução do diesel ajuda a aliviar a pressão sobre a inflação, mas como seu efeito sobre os preços é indireto, ele é também limitado. A queda do diesel não é suficiente para contribuir com a expectativa de um cenário de baixa dos juros nas próximas reuniões do Copom:

— O Banco Central observa a intensidade que a demanda exerce sobre a inflação, e não a inflação que acontece ao longo do processo produtivo. Então esse movimento não tem impacto sobre a decisão no banco central, por mais que tenha algum Impacto sobre o nível inflacionário — explica.

Hoje, o Comitê de Política Monetária (Copom) decide sobre a Selic, a taxa básica de juros, com foco em conter o avanço da inflação neste e no próximo ano.

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