‘Presidente do Banco Central está fazendo desserviço com a nação’, diz Rui Costa

Ministro da Casa Civil defende redução da Selic e diz que queda não pode estar condicionada à apresentação do arcabouço fiscal

Por Sérgio Roxo — Brasília


O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, após primeira reunião ministerial Cristiano Mariz/Indoflogo

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, engrossou nesta quarta-feira, dia da reunião do Copom, o coro do governo contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por causa da taxa de juros.

— O que o presidente do Banco Central está fazendo é um desserviço com a nação brasileira. Ele elevou a 13,75% esse patamar de juros quando a inflação estava em torno de 10%. Hoje a inflação fica um pouco acima de 5%. Então, o que justifica a mesma dose de remédio? - questionou.

O Banco Central anuncia na noite desta quarta-feira se altera ou não a taxa básica de juros (Selic) do país, em meio às críticas do presidente Lula e aliados ao patamar atual de 13,75% ao ano. É a segunda definição sobre juros - com o BC autônomo - no governo Lula. Também nesta quarta-feira, o Fed, o banco central americano, anuncia a nova taxa de juros nos EUA.

Costa, que convidou jornalistas para um café da manhã no Palácio do Alvorada, ainda acrescentou que não é necessária a divulgação do novo marco fiscal para que o BC reduza a taxa.

— Ele não precisa do anúncio do novo marco fiscal para rever isso. Não, desculpe, não precisa. Hoje o Brasil tem a maior taxa de juros do mundo.

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Também hoje, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou que a apresentação do arcabouço fiscal vai permitir a queda dos juros em 45 dias. Na terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que os juros no Brasil estão ‘exageradamente’ elevados e há espaço para cortes.

Indagado sobre o que o governo fará caso a taxa não seja reduzida, o ministro da Casa Civil respondeu:

— Continuar questionando e criticando o presidente do Banco Central por essa decisão.

Costa também falou sobre o envio do projeto do governo para alavancar os investimentos por meio das Parcerias Público-Privadas (PPPs). A União, como mostrou O GLOBO, quer aumentar as garantias públicas para destravar obras. Costa disse que o governo está correndo para enviar o modelo o mais rapidamente possível, mas que não existe relação entre o envio desse projeto e o do novo arcabouço fiscal.

- Juntos não, são coisas diferentes. Eu diria que vamos trabalhar para mandar o mais rápido possível. Nós estamos alinhando, em parceria com a Fazenda, a estruturação do plano federal de PPP, seja para apoiar as PPPs estaduais. Nós já temos a estrutura do PPI, mas queremos ir além, compartilhando o fundo garantidor com os estados em projetos selecionados. Conseguimos alavancar investimento sem comprometer o orçamento-geral da União e ampliando muito (os investimentos).

Na terça-feira, o presidente Lula afirmou que vai continuar pressionando o Banco Central pela redução da taxa Selic.

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