SVB Financial, empresa que era a dona do banco SVB, pede recuperação judicial

Objetivo é proteger dos credores ativos que estão fora do escopo do socorro do governo

Por Bloomberg — Nova York


Filial do SVB em São Francisco: colapso do banco expôs crise no financiamento a startups David Paul Morris/Bloomberg

A ex-controladora do Silicon Valley Bank (SVB) entrou com pedido de recuperação judicial uma semana depois que uma corrida aos depósitos do banco levou os reguladores americanos a intervirem na instituição financeira. O SVB Financial Group listou ativos e passivos de até US$ 10 bilhões cada em uma petição do Capítulo 11 apresentada em Nova York.

A corretora SVB Securities e o braço de capital de risco SVB Capital não estão incluídos no processo, de acordo com um comunicado.

Como o Silicon Valley Bank era um banco comercial credenciado pela Califórnia e parte do sistema do Federal Reserve, ele não é elegível para falência e, em vez disso, caiu na concordata da Federal Deposit Insurance Corp (FDIC). Sua antiga controladora, no entanto, é elegível a fim de proteger seus ativos remanescentes e trabalhar para pagar os credores, incluindo detentores de títulos.

Com o pedido de recuperação judicial, o SVB Financial não é mais afiliado ao Silicon Valley Bank ou ao seu negócio de private banking e gestão de patrimônio, o SVB Private, disse a empresa.

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A SVB “acredita” que tem cerca de US$ 2,2 bilhões em liquidez e conta seu patrimônio na SVB Capital e na SVB Securities entre seus ativos, de acordo com o comunicado. Ela deve aos detentores de títulos cerca de US$ 3,3 bilhões.

A Centerview Partners está ajudando o SVB a avaliar alternativas estratégicas para o SVB Capital e o SVB Securities. O processo atraiu um interesse significativo e qualquer venda exigiria a aprovação do tribunal de falências, de acordo com o comunicado.

“O SVB Financial Group continuará a trabalhar em cooperação com o Silicon Valley Bridge Bank. Estamos empenhados em encontrar soluções práticas para maximizar o valor recuperável para as partes interessadas de ambas as entidades”, disse, em nota, William Kosturos, diretor de reestruturação do SVB Financial Group.

Colapso do banco

O colapso do SVB, com sede em Santa Clara, na Califórnia, é o maior registrado nos Estados Unidos em mais de uma década, com cerca de US$ 209 bilhões em ativos totais no fim do ano passado, informou o FDIC. É também o segundo maior banco a cair sob a administração da agência, atrás apenas do Washington Mutual, que implodiu em 2008.

A preocupação no setor de tecnologia aumentou na semana passada, depois que o Fundo de Fundadores de Peter Thiel e outros fundos de capital de risco de alto nível aconselharam as empresas de suas carteiras a sacar dinheiro do banco. Esse conselho veio um dia depois que a controladora do banco anunciou que tentaria levantar mais de US$ 2 bilhões após uma perda significativa em seu portfólio.

O Silicon Valley Bank foi fundado em 1983 durante um jogo de pôquer entre Bill Biggerstaff e Robert Medearis, de acordo com um comunicado publicado por ocasião do 20º aniversário do banco, que era uma das principais fontes de crédito das empresas do Vale do Silício.

A SVB Financial Corp. detinha cerca de US$ 2,3 bilhões em caixa, US$ 500 milhões em títulos de investimento e US$ 475 milhões em outros ativos em 31 de dezembro, de acordo com registros feitos junto aos órgãos reguladores.

Na manhã desta sexta-feira, os títulos do SVB registraram alta: as notas de 2,1% da empresa com vencimento em 2028 subiram cerca de 6,5 centavos de dólar para 64,5 centavos a partir das 8h50 em Nova York, de acordo com dados da Trace.

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