Argentina quer alterar acordo de US$ 44 bilhões com FMI diante de seca histórica

País pode enfrentar nova recessão e fechar ano com inflação a 130%

Por Bloomberg


Seca histórica na Argentina leva país a renegociar acordo com FMI Luis ROBAYO / AFP

A Argentina e o Fundo Monetário Internacional (FMI) voltam a discutir um programa de socorro de US$ 44 bilhões. Isso porque uma seca recorde nos últimos meses pode levar o país a uma nova recessão, segundo um integrante do Ministério da Economia local.

Todas as opções foram colocadas à mesa na quinta revisão do maior programa do FMI, ainda segundo o porta-voz, que não quis ser identificado. Procurado pela Bloomberg, o fundo não retornou até o fechamento da reportagem. O Ministério da Economia argentino preferiu não comentar.

O ministro da Economia local, Sergio Massa, falou sobre o impacto da pior seca enfrentada pela Argentina com a primeira vice-diretora-gerente do FMI, Gita Gopinath, nesta sexta-feira. O encontro foi noticiado primeiro pelo La Nacion, no começo deste sábado.

O episódio representa mais um revés para o programa da Argentina, menos de duas semanas depois de o FMI mudar pela terceira vez uma meta-chave do acordo, que começou há cerca de um ano.

Durante a revisão, a equipe do FMI e os executivos da Argentina cortaram o nível de estoque de caixa necessário para ser construído no banco central este ano, caindo de US$ 4,8 bilhões para US$ 2,6 bilhões.

Há duas semanas, o conselho executivo do FMI havia aprovado um empréstimo de US$ 5,4 bilhões para a Argentina. O valor foi concedido após a quarta revisão do programa, aumentando os desembolsos sob o mecanismo do fundo, estendido para US$ 28,9 bilhões.

No relatório oficial divulgado pelo FMI, em 3 de abril, executivos mantiveram a principal meta de déficit fiscal primário para este ano em 1,9% do PIB. Segundo Gopinath, em comunicado divulgado no dia 1º de abril, atingir essa meta "continua sendo essencial" para o programa.

O FMI reduziu supervisão de crescimento para a Argentina nesta semana, para 0,2% do PIB, ante 2% previsto anteriormente. Economistas de Buenos Aires vão além e projetam retração de 4%.

Por outro lado, a inflação galopante assola o país. Números do governo mostraram que os preços subiram 104% nesta sexta-feira. Economistas do JPMorgan Chase & Co. estão prevendo uma inflação de 130% até o final do ano.

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