O banco central da Argentina anunciou hoje a elevação da taxa de juros referencial de 81% para 91% ao ano, maior nível em ao menos cinco anos, em meio a uma nova venda de pesos nos mercados paralelos aumentando a pressão sobre a crise econômica do país. Também é a maior elevação nos três anos e meio do governo do presidente Alberto Fernández.
Em comunicado, a autoridade monetária afi rmou que a decisão visa a buscar retornos reais positivos nos investimentos em moeda local e preservar a estabilidade monetária e financeira.
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Esse é o segundo aumento de taxa em uma semana que o governo trabalha para impedir uma queda acentuada da moeda do país em mercados paralelos com inflação anual acima de 100%.
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Esse cenário está desafiando os esforços dos formuladores de políticas para evitar uma forte desvalorização da taxa de câmbio oficial, que é administrada por controles cambiais.
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A taxa paralela, conhecida por seu acrônimo espanhol CCL, se fortaleceu 2,2%, para 460 pesos por dólar nesta quinta-feira, depois que a Reuters informou pela primeira vez sobre o possível aumento da taxa. Ainda assim, a moeda perdeu 13% na semana passada.
A elevação dos juros se junta a outras medidas emergenciais recentes, como o banco central usar uma linha de swap da China para financiar importações ou intervir nos mercados financeiros, mesmo quando o Fundo Monetário Internacional alerta contra tal estratégia.
No início desta semana, o Ministro da Economia, Sergio Massa, prometeu utilizar "todos os instrumentos do Estado para estabilizar esta situação" e travar o colapso das taxas de câmbio paralelas do país.