BNDES anuncia linha de crédito em dólares para a compra de máquinas por exportadores agrícolas

Taxa de juros será de 7,59% ao ano, mais a variação cambial, com carência de dois anos e prazo de pagamento de até 120 meses

Por Geralda Doca


BNDES, presidido por Aloizio Mercadante, realiza um seminário sobre o Estado Democrático de Direito Gabriel Paiva/ foto de arquivo

O BNDES lançou hoje uma linha de financiamento em dólares para compras de máquinas e equipamentos, destinada aos exportadores agrícolas. O objetivo da inovação financeira, segundo o banco de fomento, é dar mais uma alternativa de crédito aos produtores rurais, com "custos mais competitivos para esse segmento, intensivamente exportador".

Nessa nova modalidade do BNDES Crédito Rural, a taxa de juros é fixa, de 7,59% ao ano, mais a variação cambial, com carência de dois anos e prazo de pagamento de até 120 meses. A taxa pode ser vantajosa no momento se comparada a outras alternativas do BNDES Crédito Rural, entre elas a Taxa Selic (atualmente em 13,75% ao ano).

A expectativa é de que o financiamento em dólares supere R$ 2 bilhões ao ano em créditos, informou o BNDES. Outra linha com condições semelhantes será anunciada pela instituição para os setores de indústria e serviços, informou o presidente do banco, Aloizio Mercadante, no lançamento:

- Estamos tentando aumentar o crédito, fazer um crédito mais barato sem pressionar o Tesouro Nacional. Esse é o primeiro instrumento criativo, com taxa de juros fixa e em dólar. É uma taxa muito mais baixa do que a Selic (taxa de juros básica da economia, em 13,7% ao ano) - disse Mercadante, acrescentando que o banco vai continuar buscando alternativas até que a política monetária do Banco Central permita financiamento em condições mais acessíveis.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, participou do anúncio de forma remota, pois está em viagem fora do país. Ele disse que a taxa de juros de 13,75% "é proibitiva" e elogiou a iniciativa do BNDES. A linha de financiamento em dólar foi um pedido do Ministério.

Ao anunciar a nova modalidade, no escritório do BNDES em Brasília, Mercadante destacou que somente poderão tomar o empréstimo produtores rurais exportadores, que têm receitas em dólar, para evitar o risco de uma oscilação cambial. Seria uma forma de proteger o tomador. Outra exigência é o compromisso contra o desmatamento.

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-- Quem desmatou não tem acesso à linha, e se acessou e desmatou vai ter que pagar antes -- observou Mercadante.

Outro requisito é que somente poderão ser financiados máquinas e equipamentos fabricados por empresas nacionais. A nova modalidade estará disponível a partir desta terça-feira nos 77 agentes financeiros conveniados ao BNDES.

A principal diferença entre a nova linha para produtores rurais e os financiamentos da safra pelo Banco do Brasil é que o empréstimo do BNDES é destinado exclusivamente a investimentos, como compra de tratores e colheitadeiras, por exemplo.

-- Queremos uma agricultura de previsão, que inova, digitalizada, com capacidade de armazenamento - disse Mercadante.

O presidente do BNDES também informou que reabriu o programa Emergencial de Acesso ao Crédito (FGI-Peac), no valor de R$ 21 bilhões. Criada durante a pandemia, a linha garante até 80% das operações destinadas a Microempreendedores Individuais (MEI), micro, pequenas e médias empresas. Os financiamentos são viabilizados por R$ 1,75 bilhão de um fundo garantidor.

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