EUA e China estão levando o endividamento global a patamar recorde, alerta FMI

Em seu relatório sobre políticas orçamentárias, Fundo projeta que a dívida do Brasil atingirá 88,4%, chegando a 96,2% em 2028

Por Agências Internacionais — Washington


Para o Brasil, FMI projeta que a dívida do Brasil será de 88,4% em 2023 Bloomberg

Os Estados Unidos, a China e outras grandes economias devem fazer mais para lidar com os níveis de dívida que subirão para patamares quase recorde em cinco anos, limitando a capacidade das nações de responder a futuras crises, alertou o Fundo Monetário Internacional.

Em seu Monitor Fiscal, relatório sobre políticas orçamentárias, o FMI prevê que a relação dívida/PIB mundial subirá para 99,6% até 2028, quase o mesmo nível de 2020, quando os governos assumiram o maior aumento da dívida coletiva desde a Segunda Guerra Mundial para respaldar suas economias face à perda de produção derivada dos confinamentos pela Covid-19.

Na China e nos Estados Unidos, o endividamento em relação ao PIB deve alcançar, respectivamente, em cinco anos, 100% e 135%, níveis nunca vistos até agora nos dois países. Para a China, isto representará, inclusive, o dobro de seu nível da dívida pré-pandemia, ressaltou o FMI.

Para o Brasil, o FMI projeta que a dívida atingirá 88,4% este ano. Haverá um aumento gradual, até chegar a 96,2% do PIB em 2028.

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Em entrevista, o diretor do departamento de assuntos orçamentários do FMI, Vitor Gaspar, "a prioridade para a China é propor uma rede de segurança mais generosa, que anime as famílias chinesas a reduzirem seu nível particularmente alto de poupança", aumentando, assim, o consumo e, consequentemente, a receita fiscal para o Estado.

Quanto aos Estados Unidos, "vemos um aumento bastante rápido e persistente do endividamento. Beneficiam-se de que os bônus do Tesouro são considerados ativos mais seguros no mercado financeiro. Mas acreditamos ser necessário um ajuste em sua política orçamentária", detalhou Vitor Gaspar.

Também se espera que Brasil, Japão, África do Sul, Turuia e Reino Unido tenham aumentos em sua carga da dívida de mais de 5%, disse Gaspar. Sem os crescentes encargos da dívida dos EUA e da China, o mundo estaria no caminho de uma modesta redução da dívida.

A zona do euro

Se não mudarem suas políticas orçamentárias, as duas principais potências econômicas vão concentrar a maior parte do aumento acumulado até 2028, mas se estes dois países não forem levados em conta, a proporção da dívida global, ao contrário, vai diminuir, segundo o FMI.

"De fato, mais de 60% dos países vão experimentar uma redução de seu endividamento nos próximos cinco anos. O aumento se concentra em um punhado de países: China, Japão, Turquia, Brasil, África do Sul, Estados Unidos e Reino Unido", afirmou Gaspar.

A situação é "muito diferente de um país para outro", destacou.

A zona do euro deveria experimentar uma queda em sua proporção de endividamento, com uma redução regular do déficit público acumulado a cada ano.

Na Alemanha, inclusive vai cair abaixo dos 60% do PIB em 2028, contra quase 69% em 2021. A única exceção é a França, que vai experimentar, ao contrário, um aumento constante de seu endividamento nos próximos cinco anos ao ponto de superar, em 2028 (115%), o nível alcançado no auge da pandemia.

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