Mercedes-Benz fecha turno e reduz produção de caminhões a partir de maio, diz sindicato

Juros altos, reduzindo a demanda, e falta de peças são fatores apontados pela montadora para a decisão

Por João Sorima Neto — São Paulo


Sindicato informou que unidade de São Bernardo terá turno único em maio Mercedes-Benz

A fábrica de caminhões da Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, vai reduzir a produção deste ano adotando turno único na unidade por dois ou três meses, a partir de maio. A informação foi divulgada pelo Sindicato dos Metalúrgico do ABC. A empresa ainda não se pronunciou.

O sindicato informou que a companhia divulgou um comunicado aos trabalhadores sobre a necessidade de reduzir a produção. Entre os motivos estão a falta de peças e as altas taxas de juros no país, que reduzem a demanda por caminhões novos. Atualmente, a companhia trabalha em dois turnos com 8 mil funcionários.

"É urgente abrir novas modalidades de financiamento do BNDES e baixar a taxa de juros, que é a segunda maior do mundo, para a retomada do setor. Os juros altos prejudicam o crescimento, impedem a melhoria da produção e a geração de empregos, com efeitos nocivos no setor de caminhões e autopeças", afirmou o diretor executivo do Sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva, em nota divulgada pela entidade.

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Férias coletivas

A montadora também já havia anunciado férias coletivas para 300 trabalhadores neste mês de abril, além de paralisações semanais programadas.

O sindicato informou que está em negociação com a empresa para avaliarmos as medidas. A Mercedes conta com cerca de 8 mil trabalhadores, sendo 6 mil na produção. Destes, 2 mil trabalham no segundo turno.

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De acordo com a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras(Anef), a taxa de juros no mercado para compra de veículos ao ano chegou a 28,71% em dezembro de 2022. No setor de caminhões e ônibus houve a redução da participação do BNDES Finame e aumento dos financiamentos de mercado.

Em 2022, empresas anteciparam a compra de caminhões devido a entrada em vigor do Euro 6, em janeiro deste ano. Trata-se de uma nova norma de emissões para veículos comerciais. Os novos caminhões ficaram mais caros porque receberam mais equipamentos de controle de emissão de poluentes. Isso também explica, em parte, a queda da demanda este ano.

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