Mercadante diz que subsídio não é 'jabuticaba' e anuncia linha de R$ 20 bi com juro baixo para inovação

Presidente do BNDES defendeu crédito mais barato para enfrentar competitividade dos países asiáticos e promover reindustrialização do país

Por João Sorima Neto — São Paulo


O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, diz que subsídio não é 'jabuticaba' Gabriel de Paiva/ Agência O Globo

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), Aloizio Mercadante, anunciou nesta quinta uma linha de crédito com taxa de juros subsidiada para inovação. Segundo ele, são R$ 20 bilhões a serem emprestados nos próximos quatro anos. Mercadante defendeu a taxas menores que as cobradas no mercado para enfrentar a competividade dos países asiáticos e disse que subsídio não é uma "jabuticaba".

— Subsídio, quando é transparente, direcionado para setores estratégicos, é indispensável. No pós-pandemia e para enfrentar a competitividade dos países asiáticos, é indispensável. Vai ter dinheiro barato para quem quiser inovar — afirmou Mercadante durante a abertura do evento do Dia da Indústria, na Federação das indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

No seminário, estão sendo discutidos temas como a nova política industrial, a reforma tributária para o crescimento econômico e a desindustrialização, entre outros.

A nova linha de crédito terá correção pela TR e juros de 1,7% ao ano, com dois anos de carência e prazo de dez anos para pagamento.

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Crédito para exportação

Mercadante também anunciou linhas direcionadas à indústria. Entre elas, estão R$ 2 bilhões voltados para exportação. O presidente do BNDES disse que, nesta linha, haverá redução de 61% do spread (diferença do juro que o banco paga e o que ele cobra do cliente) do BNDES.

Também será criada uma segunda linha de R$ 2 bilhões direcionada para exportações nas mesmas condições de crédito já oferecidas para o setor agrícola.

Mercadante afirmou que o governo está criando um grupo para discutir a reindustrialização do país. Afirmou que é preciso ter orgulho de o Brasil ser a grande fazenda do mundo, “mas não seremos nação desenvolvida sem indústria”, afirmou.

Ele convidou o presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, a desenhar com o BNDES um plano com recursos subsidiados para reindustrialização do país para ser levado ao Congresso. Uma das ideias propostas por Mercadante é que seja criada uma Letra de Crédito de Desenvolvimento (LCD).

Ele lembrou que este instrumento existe para o agro e para o setor imobiliário, mas não existe para a indústria. Também disse que está sendo criado um fundo garantidor para o Sebrae, destinado a pequenas empresas.

— Como vamos oferecer TLP (taxa que embasa dos empréstimos do BNDES) para pequenas empresas? Temos que ter um instrumento a oferecer e baixar o custo do capital — afirmou o presidente do BNDES.

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Josué Gomes, disse durante a abertura do evento na Fiesp e após o discurso de Mercadante, que quando o país tiver taxas de juros civilizadas e compatíveis com outros países, os subsídios perdem sua função e talvez nem precisem existir.

— Eu sou a favor de políticas horizontais e não verticais. Mas entendo que, quando necessário para proteger setores nascentes no país, o uso de políticas verticais... Espero que o regime de juros que vem sendo praticando há mais de 30 anos no Brasil, com taxas reais de 6% e atualmente de 8%, seja colocado no espelho retrovisor da História — afirmou.

'Cash back' de impostos

Ele disse que, ao reconstruir a indústria brasileira, o país estará reconstruindo a classe média, contribuindo para a inclusão e para que a democracia seja preservada de regime autoritários. Josué disse que o país aplaude atividades primárias, mas elas são concentradoras de renda, assim como os juros elevados.

Ele disse que nenhuma política industrial vai conseguir superar a macroeconomia se não tivermos juros baixos, câmbio controlado e um sistema tributário eficaz.

— O sistema tributário nacional está falido. Precisa de uma reforma e que a sociedade trabalhe para ter um imposto único (IVA), não porque ele beneficia a indústria. Mas que faça o país crescer — afirmou.

A desconfiança de uma mudança nos tributos é natural, disse. Mas precisamos ter um texto com mecanismos eficazes que reduzam essa desconfiança.

Ele afirmou que não será a introdução de um 'cash back' de impostos que vai reduzir a desconfiança. A ideia de um 'cash back' de impostos vem sendo defendida pelo secretário extraordinário de Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, que também estará presente no evento.

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