Produtores reforçam protocolos após emergência zoossanitária por gripe aviária

Brasil detém 35% do mercado global de aves e segue com status de país livre da doença. Associação orienta cuidados também para granjas caseiras

Por João Sorima Neto — São Paulo


Aves silvestres da espécie Thalasseus acuflavidus: país tem cinco casos de gripe aviária Cláudio Dias Timm

O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, disse ao GLOBO que a decretação de estado de emergência zoossanitária em todo o território nacional pelo Ministério da Agricultura em função da detecção de infecção pelo vírus da gripe aviária em aves silvestres, dá mais agilidade nas ações de monitoramento e combate a possíveis focos da doença.

Também trata-se de um alerta para a população em geral para que evite contato com aves silvestres, que podem transmitir a doença. Oito casos da doença já foram detectados no país —sete no Espírito Santo e um no Rio de Janeiro.

No ES, foram identificados casos nas cidades de Marataízes, Cariacica, Vitória, Nova Venécia, Linhares e Itapemirim. No Rio de Janeiro, a ave afetada pela doença foi encontrada em São João da Barra. As aves são das espécies Thalasseus acuflavidus (trinta-réis de bando), Sula leucogaster (atobá-pardo) e Thalasseus maximus (trinta-réis real).

— A emergência agiliza os processos administrativos, envolvendo diversos órgãos do governo e torna mais ágil a tomada de decisões. Além disso, é uma mensagem de transparência para a população. Com a detecção de casos no país, o risco de contaminação, que antes estava restrito a aves migratórias, agora está mais próximo — alertou.

O Brasil detém 35% do mercado global de aves e continua com o status de país livre de gripe aviária na Organização Mundial de Saúde Animal — o que significa que nenhum animal criado para exportação foi contaminado.

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Santin observa que entre os produtores, medidas preventivas como uso de telas nas granjas, enclausuramento de ração e água, arco de desinfecção já vem sendo utilizadas. Também para produtores que criam aves para subsistência, valem essas recomendações.

— Mesmo para aqueles que criam dez frangos, vale a recomendação para não deixar ração e água ao ar livre, evitando contato com aves silvestres que possam estar contaminadas. E para a população que eventualmente encontre uma ave doente na praia, por exemplo, que não toque no animal e nem o leve para tratamento. Ela pode estar contaminada e espalhar a doença — afirmou.

Ele lembra que, no Peru, pessoas que estavam na praia recolheram uma ave doente e a levaram para outra cidade, espalhando foco de contaminação da gripe aviária. Santin acredita que os casos detectados nos estados do Rio e Espírito Santo possam ser de aves do mesmo bando que cruzaram a divisa dos estados.

Santin lembra que a transmissão da gripe aviária para o homem é rara, mas pode acontecer se ele tiver contato com secreções das aves, vivas ou mortas. E nesse caso, os humanos também se tornam vetores de transmissão.

E observa que os produtores vêm aumentando a prevenção desde que foram confirmados casos em países vizinhos da América Latina, mas que caso seja detectado algum caso em planta industrial, as primeiras medidas são isolamento, depois as aves são abatidas e é feito contenção num raio de 3 km, evitando que nada entre ou saia sem inspeção de fiscais.

Além disso, em mais 7 km de raio, é feito um trabalho de vigilância e desinfecção. Depois de 28 dias de extinto o foco, o produtor pode voltar a exportar.

Nélio Hand, diretor executivo da Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo, disse que prevenção foi ampliada a partir de outubro do ano passado quando surgiram os primeiros casos na América do Sul.

— Quando apareceram os casos aqui no Brasil, passamos a orientar que esse trabalho fosse intensificado e que a atenção redobrada — afirmou.

A Associação vem trabalhando junto a órgãos públicos para fazer parcerias elevar informação à população e às pequenas propriedades rurais, que possuem aves de subsistência para que as deixem confinadas, além de proteger a água e a alimentação.

Para os grandes produtores, estão sendo feitas recomendações como desinfecção, proibição de visitas à propriedade, uso de roupas e calçados exclusivos para acesso à granja, além de treinamento da equipe, entre outras.

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