Eletrobras anuncia PDV para cortar 1.574 funcionários, e associação pode recorrer a Justiça para adiar demissões

Se meta for atingida, haverá redução de quase 20% no quadro de pessoal, segundo entidade que reúne empregados da companhia. Custo da medida é estimado em até R$ 750 milhões

Por Vinicius Neder — Rio


Fachada do prédio da Eletrobras: PDV será lançado nesta terça-feira Ana Branco/Agência O Globo

A Eletrobras abrirá amanhã, dia 20, inscrições para mais um Plano de Demissão Voluntária (PDV), com a meta de desligar até 1.574 funcionários, informou a companhia em comunicado ao mercado divulgado nesta segunda-feira. A informação foi antecipada pelo colunista do GLOBO Lauro Jardim. A Associação de Empregados da Eletrobras (Aeel) quer adiar as demissões para o ano que vem.

A Eletrobras informou que, atualmente, tem cerca de 8,4 mil funcionários, incluindo a holding e suas subsidiárias, ou seja, os cortes do novo PDV poderiam reduzir o quadro de pessoal em 19%.

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De acordo com a companhia, este é o segundo PDV desde a privatização da companhia, atingida após um aumento de capital, há um ano. O primeiro PDV foi lançado em outubro, com foco em funcionários aposentados e "aposentáveis". Nele, se inscreveram 2.494 empregados e , até abril passado, 1.974 dos inscritos haviam sido desligadas, informou a Eletrobras.

A empresa espera investir de R$ 450 milhões a R$ 750 milhões para desligar os funcionários no PDV, “com um payback similar aos planos anteriormente praticados”, diz o comunicado, referindo-se à economia com a folha de pessoal que será feita, diante do investimento.

No PDV do ano passado, foram investidos R$ 1 bilhão. Segundo a Eletrobras, esse valor será recuperado "em cerca de 13 meses". Até abril passado, segundo a companhia, o PDV de outubro de 2022 gerou "uma economia acumulada de R$150 milhões".

“O lançamento do PDV está associado a medidas de otimização de custos e despesas operacionais, ao Plano Estratégico 2023-27, além de viabilizar maior aderência a nova estrutura organizacional da companhia que está em fase final de modelagem e implantação”, diz parte do comunicado divulgado ao mercado.

Ainda conforme o comunicado, o PDV “faz parte dos compromissos previstos no Acordo Coletivo de Trabalho”. Emanuel Mendes, diretor da Aeel, disse que a entidade solicitou à Eletrobras que adiasse o PDV para 2024, pois, conforme o dirigente, o Acordo Coletivo não define uma data para as demissões. Além disso, em alguns setores da empresa haveria falta de trabalhadores.

No comunicado, a Eletrobras ressalta que “os desligamentos ocorrerão a juízo e conveniência da companhia, haja vista o compromisso inarredável com a excelência, segurança das pessoas e das operações, formação de sucessores em áreas críticas e gestão de conhecimento”.

Inscrições

As inscrições dos empregados interessados no PDV vão até 21 de julho, mas, segundo Mendes, a Aeel poderá até recorrer ao Judiciário para adiar os desligamentos.

– A Eletrobras ignorou nossa solicitação, mas iremos tomar outras providências para que o desligamento só aconteça no próximo ano – afirmou Mendes.

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