Governo Lula cria regras para compras on-line de até US$ 50 em sites como Shein e AliExpress; entenda o que muda

Produtos de pequeno valor ficarão isentos de imposto de importação, mas haverá incidência de 17% de ICMS sobre a mercadoria. Mudança começa em 1º de agosto

Por Renan Monteiro, O GLOBO — Brasília


AliExpress, Shein e Shopee terão que aderir a um plano de conformidade do governo para que compras de até US$ 50 sejam isentas Fábio Rossi

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, assinou uma portaria publicada nesta sexta-feira que estabelece uma alíquota zerada do imposto de importação sobre compras no comércio eletrônico internacional de até US$ 50.

A medida só vale para empresas que atenderem o plano de conformidade do governo, ou seja, que estiverem em dia com suas obrigações tributárias.

Até então, a regra de isenção tributária nas compras de até US$ 50 valia exclusivamente para remessas entre pessoas físicas. Ocorre que muitas plataformas on-line se aproveitavam desta brecha para simular transações entre pessoas físicas nas suas vendas ao exterior.

Empresas como Shein e AliExpress devem aderir o plano de conformidade. Veja como fica:

O que muda nas compras em sites internacionais?

A isenção do imposto de importação (nos produtos de até US$ 50) passa a valer nas vendas de empresas para consumidores. Porém, as compras on-line realizadas em sites de empresas que não cumprirem com suas obrigações continuarão sendo tributadas independente do valor. O imposto de importação é de 60% sobre o valor da mercadoria.

As cidades mais caras do mundo para se viver, em 2023

10 fotos
 

Quando começa a valer a isenção?

A medida começa a valer a partir do dia 1º de agosto para todas as empresas de comércio eletrônico, nacional ou estrangeira. Ou seja, todas as empresas que utilizam plataformas, sites ou outros "meios digitais" para a venda de produtos.

Nesta semana, os governos estaduais já tinham chegado a um acordo para cobrar uma mesma alíquota de ICMS, de 17%, sobre esses produtos, o que facilita a adoção da plataforma única de tributação dos importados de pequeno valor.

O que muda para as empresas?

As empresas deverão realizar a declaração de importação e pagamento dos tributos antes da chegada das mercadorias em solo nacional. Além disso, o vendedor será obrigado a informar ao consumidor a procedência dos produtos e o valor total da mercadoria, com inclusão dos tributos federais e estaduais nos preços.

Qual o plano de conformidade?

O programa foi batizado de “Remessa Conforme” e detalhado nesta sexta-feira pelo Ministério da Fazenda. O governo quer melhorar o fluxo de entrega das mercadorias compradas no exterior e evitar evasão fiscal ao regularizar as empresas que não estavam seguindo os conformes tributários.

Como será o fluxo de entregas?

Antes da chegada do avião, com as compras feitas por consumidores brasileiros, a Receita Federal deverá receber as informações das encomendas e o pagamento prévio dos tributos estaduais e federais.

Com isso, o Fisco vai realizar antecipadamente a gestão de riscos das encomendas. Ou seja, verificar possíveis incompatibilidades. As compras identificadas com baixo risco serão liberadas imediatamente, segundo a Receita.

A expectativa do governo - com a gestão de risco - é que as encomendas regularizadas chegarão de forma mais rápida aos consumidores. Ou seja, reduzir o atual fluxo de entregas.

Veja fotos dos bilionários mais jovens do mundo

9 fotos
Veja fotos dos bilionários mais jovens do mundo

E quem não aderir o plano do governo?

Não recebem o benefício de isenção tributária de 60% no imposto de importação para compras de até US$ 50. Além disso, as empresas permanecem no atual fluxo de entrega.

Isto é, as encomendas chegam ao aeroporto, são desembarcadas sem o envio de informações prévias e sem a tributação da Receita Federal. Já em solo brasileiro, ocorre a triagem das mercadorias, o registro da declaração de importação à Receita Federal e o pagamento, se for o caso, dos tributos federais.

É só após esse processo que as encomendas são liberadas para os consumidores.

Segundo a Fazenda, mais de 40 carretas por dia transportam as encomendas do aeroporto de Guarulhos (São Paulo) para a central dos Correios em Curitiba (Paraná).

As empresas vão aderir?

Em nota, o AliExpress falou em "comprometido" com o desenvolvimento do comércio eletrônico no Brasil e com a oferta dos "melhores serviços aos consumidores e pequenas e médias empresas".

"Acreditamos que o "Remessa Conforme" será bem recebido pelos consumidores e vai ajudar a garantir seu acesso contínuo a uma variedade de produtos a preço justo", diz a empresa.

A SHEIN, também em nota, afirmou que acompanhou de perto a discussão sobre o programa de conformidade e recebeu "positivamente" o plano anunciado hoje pelo governo.

"Entendemos a importância do plano de conformidade, mas gostaríamos também de ressaltar que continuamos a apoiar as discussões entre as partes relevantes interessadas para estabelecer um plano que, de fato, beneficie os consumidores brasileiros", pontua.

Mais recente Próxima Ubatuba, Bertioga, Matinhos: conheça as cidades do país com mais casas de veraneio, segundo o Censo