FMI renegocia acordo com Argentina e repassará US$ 7,5 bi ao país em agosto

Segundo fontes, montante pode chegar a US$ 10,8 bilhões no ano. Medida é essencial para que o país não promova uma grande desvalorização antes das eleições de outubro

Por La Nacion — Buenos Aires


O presidente da Argentina, Alberto Fernández Juan Mabromata/AFP

O Fundo Monetário Internacional (FMI) acertou novos termos do acordo com a Argentina para assegurar o fluxo de dólares para o país, de modo que o governo consiga cumprir suas pendências com o Fundo até dezembro, fim do mandato de Alberto Fernández. Serão repassados US$ 7,5 bilhões em agosto e mais recursos serão liberados neste ano. De acordo com a Bloomberg, o total pode chegar a US$ 10,8 bilhões.

O acordo coloca um ponto final a mais de três meses de negociações. A Argentina atravessa uma forte crise, com escalada da inflação e disparada do dólar. A escassez da moeda americana tem dificultado as importações e que o país honre seus compromissos com o Fundo. Daí os novos termos do acordo.

A medida é apontada como essencial para que o país não promova uma grande desvalorização de sua moeda até as eleições, programadas para outubro. O ministro da Economia, Sergio Massa, é candidato da Casa Rosada à presidência.

Crise econômica avassala Argentina; veja imagens

7 fotos
Inflação atingiu nível mais alto em 30 anos.

Para Massa, o acordo, permitirá ao país caminhar com "mais tranquilidade" no segundo semestre, marcado "pela incerteza devido ao período eleitoral".

Meta fiscal e aumento de reservas

Para ter acesso ao dinheiro novo, a Argentina terá de manter a meta de déficit fiscal em 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país), o que vai demandar mais controle dos gastos públicos.

Os esforços para conter as cotações paralelas do dólar também deve ser um objetivo prioritário para o governo, prevê o Fundo. A Argentina tem mais de de dez cotações diferentes de dólar.

O acordo também prevê que a Argentina terá que recuperar suas reservas internacionais, além de exigir a proteção de gastos sociais e aumentar os investimentos em infraestrutura crítica no país. O objetivo estabelecido pelo FMI é que o país termine o ano com reservas de US$ 1 bilhão, redução da meta de março, que era de US$ 8 bilhões.

"As principais metas do programa até o final de junho não foram alcançadas devido ao impacto maior do que o previsto da seca, assim como problemas no pagamento de outras pendências do governo", disse o FMI ao explicar as razões para a nova revisão do acordo.

Novas liberações

O atual acordo com o FMI foi fechado na gestão de Mauricio Macri (2015-2019), no valor de US$ 57 bilhões. Fernández, ao assumir, negociou novos termos e suspendeu os desembolsos, até o início do ano passado.

Houve nova negociação e o Fundo retomou as liberações, mas a Argentina não estava conseguindo cumprir com o calendário de pagamentos dos empréstimos, o que a levou aos novos termos anunciados nesta sexta-feira.

O montante a ser pago em agosto, se acordo com os novos termos, equivale aos valores que o Fundo desembolsaria em junho e setembro deste ano. Haverá uma nova liberação em novembro, mas não foi divulgado o valor.

Mais recente Próxima MEIs e pequenas empresas poderão parcelar dívidas com o FGTS em até 120 meses