Gregos se mobilizam pelo direito de acesso às praias, e criam a 'revolta das toalhas'

Cafés, bares e hotéis monopolizam a areia com espreguiçadeiras.Constituição diz que todas as faixas de terra junto ao mar são propriedade do Estado, com acesso garantido ao público

Por O Globo Com Agências — Atenas, Grécia


Praia Kolymbithres, na ilha grega de Paros, repleta de barracas Reprodução / Internet

Após duas semanas de uma onda de calor escaldante, marcadas principalmente por incêndios florestais na Grécia, um movimento social ocupa agora as manchetes dos jornais em defesa do direito de acesso às praias, garantido em Constituição, e que a mídia grega apelidou de "revolta das toalhas".

Em pleno auge do verão, as praias gregas estão divididas entre toalhas de um lado e cadeiras, espreguiçadeiras de outro. Em muitas praias, cafés, bares e hotéis têm aumentado tanto a área ocupada nas areias que se tornam, na prática, privativas. Isso, claro, acompanhado por preços pra lá de elevados para quem quer apenas nadar.

O movimento quer que a lei grega seja respeitada e que o acesso ao mar seja livre, mesmo em áreas ultra turísticas.

O movimento começou quando centenas de pessoas se reuniram na ilha de Paros, no arquipélado das Cíclades, exigindo espaço para colocar suas toalhas de praia. alguns dias depois, o resultado começou a aparecer, segundo o site Greek Reporter: metade da praia ficou livre para quem não queria pagar por espreguiçadeiras.

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O grupo, que se auto-intitulou Movimento de Cidadãos de Paros para Praias Livres, diz estar “unido na preocupação pela diminuição do espaço público e pelo afastamento dos cidadãos das praias do nosso país”. Segundo o site Macropolis, os bares de praia ocupam um total de 18.800 metros quadrados de praia, muito mais do que os 7.186m² licenciados pelas autoridades locais.

O movimento não ficou limitado a Paros, com grupos surgindo em outras praias com toalhas e cartazes. A ação já chegou até Chania, na ilha de Creta, Naxos, Mykonos e Santorini, seguindo ainda para o norte, na região de Chalkidiki.

A lei grega não prevê a possibilidade de praias privadas, já que a Constituição diz que todas as faixas de terra junto ao mar são propriedade do Estado, com acesso garantido ao público. As autoridades locais podem permitir que cafés ou bares de praia a explorem uma parte da praia, mas nunca a sua totalidade, e o acesso tem de ser sempre possível ao público em geral, sem qualquer contrapartida.

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