Entenda por que Brasil e China são os 'queridinhos' de investidor especializado em emergentes

Veterano diz que “tudo está se encaixando” para uma recuperação do mercado acionário do gigante asiático e aposta também em companhias brasileiras

Por Bloomberg — São Paulo


Bandeiras de Brasil e China Agência Brasil/Beto Barata/PR

Após uma semana em que as ações chinesas recuaram para o menor patamar do ano, um veterano que investe em mercados emergentes há 30 anos diz que “tudo está se encaixando” para uma recuperação do mercado acionário do gigante asiático.

John Malloy, que ajuda a gerir cerca de US$ 10 bilhões em ações como codiretor de mercados emergentes e de fronteira na Redwheel, tem a China como seu maior overweight (exposição acima da média do índice de referência), e tem favorecido ações de empresas como Alibaba, Kuaishou Technology e Baidu.

- Os valuations (avaliações de mercado) estão baratos, o crescimento está começando a chegar em seu pior ponto e o posicionamento também é favorável. É difícil determinar quanto há de espaço adicional para perdas, mas o risco-retorno é incrivelmente favorável para as ações dos mercados emergentes neste momento - disse Malloy, em entrevista em São Paulo.

A Redwheel, anteriormente conhecida como RWC Partners Ltd., começou a construir seu overweight em China por volta do fim do ano passado. Malloy segue confiante mesmo depois de as ações experimentarem sua maior queda para um mês de agosto em oito anos.

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Encontro reúne países de mercado emergente.

Os preços irão se recuperar, diz ele, apontando para “bons” resultados corporativos, múltiplos favoráveis e o fato de o governo chinês estar focando mais em medidas pró-crescimento e menos na regulação das empresas.

Embora o fundo tenha montado a posição “sem dúvida” cedo, as suas posições apresentam um espaço para subir 50% em termos de preço-alvo, na avaliação de Malloy, que começou a investir em mercados emergentes em 1993, na Baring Asset Management.

O Redwheel Global Emerging Markets Fund, de US$ 1,6 bilhão, superou 60% dos seus pares este ano, com um avanço de 4%, segundo dados compilados pela Bloomberg. O fundo tinha uma exposição geográfica à China de cerca de 37% no fim de julho.

Malloy também ajuda a administrar um veículo de investimento nas Ilhas Cayman para investidores offshore e outros fundos que exigem menos divulgação.

Otimismo em relação à Vale

Produção de areia sustentável a partir de rejeitos de barragens, no pátio de estocagem na mina de Brucutu, em Minas Gerais. — Foto: Divulgação Vale

A Redwheel também está overweight no Brasil, carregando nomes como Rumo e Localiza em sua carteira.

O país oferece “grandes ativos” e companhias que desempenham papéis fundamentais na cadeia de abastecimento sustentável, protegendo a biodiversidade e fornecendo serviços essenciais, disse Ting Ang, gestora da Redwheel baseada em Nova York, na mesma entrevista.

Outros bolsões de oportunidade nos países em desenvolvimento incluem a Arábia Saudita — a Redwheel gosta de Aramco e Saudi National Bank — e Abu Dhabi e Dubai, onde vê ventos favoráveis para os desenvolvedores imobiliários.

O fundo está underweight (exposição abaixo da média do índice de referência) na Índia e no México.

A Redwheel também está otimista em relação à mineradora brasileira Vale, cujas ações perderam quase um terço de seu valor desde o início do ano.

A Vale vendeu recentemente uma participação de 13% em sua unidade de metais básicos por US$ 3,4 bilhões para Public Investment Fund, Ma’aden e Engine Nº 1.

- Estamos ganhando mais convicção no trade. Quando você olha para o valor potencial da divisão de metais básicos, o seu Ebitda poderia ser 70% maior, considerando os preços atuais - afirmou Malloy.

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