As onipresentes sandálias de couro com solado de cortiça da Birkenstock, que já ganharam a alcunha de feias e custam em média US$ 130, ajudaram a família alemã por trás da marca a construir uma das maiores fortunas de calçados do planeta.
As ações da Birkenstock Holding começam a ser negociadas nesta quarta-feira na Bolsa de Nova York, com cotação inicial de US$ 46. Mas desabaram 12,6%, encerrando a US$ 40,20. Apesar disso, a fortuna dos irmãos Alex e Christian Birkenstock passou a US$ 3,4 bilhões, segundo o ranking de bilionários da Bloomberg.
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É uma recompensa significativa para a aposta dos herdeiros alemães em entregar, em 2021, o controle majoritário da sapataria histórica à empresa de gestão de ativos L Catterton, que tem entre seus sócios o bilionário francês Bernard Arnault, um dos homems mais ricos do mundo e dono do império de luxo LVMH (das marcas Louis Vuitton e Möet, entre outras).
Christian obteve um retorno de mais de 100% sobre a participação minoritária que manteve na empresa desde que a Birkenstok vendeu seu controle para a L Catterton. Já Alex não é mais listado como acionista.
Juntos, os irmãos arrecadaram mais de € 3 bilhões (US$ 3,2 bilhões) na transação de 2021, que colocou a marca na rota para a estreia desta semana na Bolsa.
Nos dois anos anteriores ao acordo, os irmãos recebiam cerca de € 100 milhões anuais em dividendos, mostram os documentos.
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Procurados, os representantes da Birkenstock e L Catterton não responderam aos pedidos de comentários da Bloomberg.
Vovós e fashionistas
A dinastia Birkenstock começou há cerca de 250 anos com os sapateiros Johannes e Johann Adam, em Langen-Bergheim, uma pequena aldeia a cerca de 40 quilômetros em Frankfurt, na Alemanha. Os descendentes de Johannes continuaram a tradição e esta já é a sexta geração da família comandando a empresa.
A marca ganhou a cara que tem hoje quando Karl Birkenstock apresentou a primeiro sandália de tiras em 1963.
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Seus filhos Alex e Christian se envolveram nos negócios da família na década de 1980, quando eram adolescentes. O irmão mais velho deles, Stephan, ingressou na década de 1990.
O trio deu continuidade à expansão global da empresa, ajudando a transformar os calçados ortopédicos em uma das marcas mais reconhecidas do planeta atualmente, com botas e tamancos usados tanto por fashionistas como por vovós.
Os irmãos deixaram de administrar o negócio durante um período de transição que começou em 2009, com Stephan saindo do negócio como acionista por um valor não revelado.
Os irmãos Birkenstock não são os únicos bilionários da moda europeia que podem ganhar milhões com a listagem da empresa de sandálias. A L Catterton é parcialmente propriedade do conglomerado de luxo LVMH e do seu fundador Bernard Arnault, a segunda pessoa mais rica do planeta, com uma fortuna de US$ 170 bilhões. O filho de Arnault, Alexandre, deverá ingressar no conselho da Birkenstock.
Reuniões secretas
A compra da Birkenstock por L Catterton resultou de reuniões secretas em hotéis de luxo, videochamadas e viagens às fábricas do sapateiro na fronteira entre a Alemanha e a Polônia. O codiretor executivo da L Catterton, J. Michael Chu, comprou um par de Birkenstocks antes de sua primeira reunião pessoal com o principal executivo do sapateiro, Oliver Reichert. Ele não os usou para o encontro.
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Reichert também ajuda a supervisionar os investimentos de Christian fora da empresa de calçados, incluindo a Bucci, uma empresa alemã de nutrição, e a Buccara, que oferece experiências de viagens de luxo em partes da Europa e da África do Sul.
Alex transferiu sua riqueza para imóveis de alto padrão, adquirindo uma cobertura de seis quartos em Manhattan em 2011, que agora está disponível para aluguel por US$ 25 mil por mês. No ano seguinte, ele também emergiu como vendedor de uma cobertura triplex no bairro de South Beach, em Miami, por US$ 25 milhões, mais que o dobro do que o descendente bilionário originalmente pagou por ela apenas alguns anos antes.