Campos Neto afirma que ‘ninguém’ espera déficit zero em 2024

Presidente do BC ressalta que o compromisso é importante. A avaliação é que a manutenção da meta sinaliza o esforço do governo em evitar desequilíbrio fiscal no longo prazo

Por — Brasília


Em audiência na Câmara, Campos Neto defendeu meta de zerar déficit em 2024 e apoiou taxação de fundos exclusivos Cristiano Mariz

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reafirmou nesta terça-feira que a meta de déficit zero em 2024, encabeçada pela equipe econômica, ainda é desacreditada pelo mercado, mas lembrou a “importância” de ter previsibilidade sobre o compromisso fiscal assumido pelo governo.

— Ninguém hoje espera que o governo vá fazer 0% de meta (fiscal), e mesmo assim a gente vê que teve pouca influência nas variáveis macroeconômicas (a perspectiva de déficit), que é o que é importante para o Banco Central no dia a dia. É importante ter uma previsibilidade do futuro — disse, em evento da Frente Parlamentar do Empreendedorismo.

Roberto Campos Neto já fez diversos pronunciamentos públicos em defesa da meta de zerar o rombo das contas em 2024. Apesar da falta de credibilidade pelo mercado, esse compromisso sinaliza o esforço do governo em evitar desequilíbrio fiscal no longo prazo.

— A gente precisa trabalhar em conjunto para melhorar as expectativas daqui para frente. É importante fazer o dever de casa, passar uma mensagem de consolidação fiscal, que estamos trabalhando juntos o fiscal e monetário. Foi um ano melhor que o esperado. É preciso um recado de que o fiscal (contas públicas) está em equilíbrio — afirmou Campos Neto.

Atualmente, o mercado estima déficit primário de 0,80% do PIB em 2024. A previsão consta no Boletim Focus - alimentado por aproximadamente 160 bancos e outras instituições financeiras. Em janeiro desde ano, a previsão dos agentes financeiros era de 1% do PIB de rombo. Ou seja, a mudança de perspectiva ainda não foi significativa.

O resultado primário é o balanço de receitas e despesas do governo, sem considerar o pagamento de juros. Com o resultado neutro almejado em 2024, a equipe econômica quer superávit nos anos seguintes.

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Meta em xeque

O compromisso de zerar o déficit fiscal em 2024 foi colocado em xeque pelo presidente Lula no fim de outubro.

Houve movimentação do Planalto para mudança nesse alvo, incluindo, por exemplo, um déficit de até 0,50% do PIB.

Após negociações internas, o deputado Danilo Forte (União-CE), anunciou neste mês que a meta inicial do governo seria mantida. Ele é relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO de 2024) que está tramitando no Congresso.

Queda da Selic

O presidente do Banco Central também reforçou que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve seguir com o ritmo de redução da taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual. Ela fala em “pelo menos” duas reuniões à frente.

— Entendemos que o ritmo de 50 (pontos-base) é adequado. Observamos esse ritmo para as próximas reuniões, pelo menos duas à frente. Claro que tudo pode ser reavaliado (a depender dos indicadores econômicos) — disse.

Campos Neto lembra que a inflação vem surpreendendo “para baixo”. Um dos indicadores olhados com lupa pelo Copom é a inflação de serviços. Esse índice está abaixo dos EUA “pela primeira vez em muitos anos”, diz Campos Neto. Isso “abre espaço” para a queda de juros.

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