Pacheco afirma que governo deve 'compreender seus limites de atuação' na Vale e na Petrobras

Presidente do Senado disse ao GLOBO que Planalto tem direito de se posicionar, mas sem comprometer independência de empresas

Por — Brasília


O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, durante sessão Waldemir Barreto/Agência Senado/05-03-2024

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que o governo federal precisa observar "limites" na atuação em empresas em que tem participação como acionista, como a Vale e a Petrobras. Pacheco avalia que o governo tem direito de se posicionar, mas sem comprometer a independência e governança das companhias.

— Se a União é parte interessada como acionista, em tese é legítimo ao governo se posicionar, mas deve compreender seus limites de atuação considerando a governança das empresas e a independência delas. Não digo que o governo os ultrapassou porque não conheço a situação. Digo apenas que eles precisam ser observados — declarou Pacheco ao GLOBO.

Questionado se Congresso poderia reagir de alguma maneira as interferências, o presidente de Senado disse não há necessidade de uma ação parlamentar.

— É uma questão mais de limites éticos do que de carência legislativa. Não conheço as situações concretas e não me cabe opinar. Isso toca às empresas e seus acionistas e conselheiros — disse.

No fim de fevereiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a atuação da Vale e afirmou que a empresa precisa "prestar contas ao Brasil". A declaração ocorreu em meio a uma nova ofensiva do governo para tentar emplacar um nome alinhado no comando da empresa, que foi privatizada na década de 1990.

O diretor-presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, manterá seu cargo até dezembro. Entretanto, a decisão não deve afastar as tentativas do Palácio do Planalto de influenciar a sucessão, na avaliação conselheiros e analistas. Isso porque a lista tríplice que será levada ao colegiado por uma empresa de recrutamento terá de passar pelo crivo de integrantes do conselho alinhados ao governo.

Em relação à Petrobras, a colunista Malu Gaspar revelou que a disputa interna na empresa em torno do pagamento dos dividendos extraordinários aos acionistas foi arbitrada pelo próprio presidente da República. A divergência em questão se deu entre o CEO da Petrobras, Jean Paul Prates, e os conselheiros do governo – capitaneados pelo presidente do conselho, Pietro Mendes, indicado pelo ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira.

Após uma queda de mais de 10% no valor das ações da Petrobras, Lula terá uma reunião com Jean Paul Prates nesta segunda-feira no Palácio do Planalto. Na última quinta-feira, a empresa divulgou seus resultados de 2023 com uma queda de 33,8% nos lucros e anunciou um pagamento de dividendos (parcela do resultado da empresa distribuída aos acionistas) abaixo do previsto pelo mercado. O encontro está previsto para às 15h.

Mais recente Próxima Minha Casa, Minha Vida: governo vai retomar construção de 40 mil unidades com obras paradas