Governo do RS afirma que safra de arroz é suficiente para abastecer mercado brasileiro e que importação é 'desnecessária'

Tarifa de importação de três tipos de arroz foram zeradas para evitar aumento de preço, mas governo gaúcho diz que compra do exterior não é necessária

Por O Globo — Rio de Janeiro


Silos e plantação de arroz inundadas em Eldorado do Sul, no Rio Grande do Sul Nelson Almeida/AFP

O governo do Rio Grande do Sul afirmou nesta terça-feira que a safra de arroz que vem sendo produzida no estado ao longo deste ano será suficiente para abastecer a demanda do país, mesmo com os prejuízos causados pelos temporais que atingem o estado desde o fim do mês passado.

O governo federal zerou a tarifa de importação de três tipos de arroz para evitar o aumento de preço do alimento, mas o governo gaúcho diz que a comprar de fora não é necessária.

O Rio Grande do Sul é responsável por cerca de 70% da produção nacional de arroz. Em nota, o governo do estado afirmou que a safra "deve ficar em torno de 7,1 milhões de toneladas, mesmo com as perdas pelas inundações que o Estado sofreu em maio".

O montante seria "bem próximo ao registrado na safra anterior", de 7,3 milhões de toneladas, o que "comprova que o arroz gaúcho é suficiente para abastecer o mercado brasileiro, sendo desnecessária a importação do grão".

Os dados foram calculados pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) e apresentados em reunião extraordinária da Câmara Setorial do Arroz, realizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) nesta terça.

“Quando as enchentes ocorreram no Rio Grande do Sul, a safra de arroz já estava 84% colhida, restando 142 mil hectares a colher. Destes, 22 mil hectares foram perdidos e 18 mil ficaram parcialmente submersos. Entre os grãos estocados nos silos, houve comprometimento de 43 mil toneladas”, explicou Rodrigo Machado, presidente do Irga.

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Ainda segundo o governo do Rio Grande do Sul, a estimativa de produção total feita pelo instituto "leva em consideração a produção já colhida até a ocorrência das enchentes (6.440.528 toneladas), somada a um cálculo de produtividade para os 101.309 hectares restantes de área não atingidos pelas cheias, levando em consideração uma média de produção de 7 mil quilos por hectare".

Leilão suspenso

Mais cedo, foi suspenso o leilão para a compra de cerca de 100 mil toneladas de arroz do Mercosul, previsto para esta terça-feira. A medida foi tomada porque, segundo o governo federal, foram constatados aumentos especulativos de preços praticados pelos sócios do bloco.

A suspensão foi comunicada pelo Ministério da Agricultura. Uma nova dada para o leilão e a origem da importação do produto estão em discussão entre os vários órgãos envolvidos. O mais provável é que a importação terá como origem a Tailândia.

Olho nos preços

A redução a zero das tarifas passa a valer a partir da publicação da medida no Diário Oficial da União e vale até 31 de dezembro deste ano. A Secretaria de Comércio Exterior do MDIC (Secex) pode prolongar o período de vigência, caso avalie necessário.

Zerar a taxação das importações faz parte de um movimento do governo para evitar o aumento de preços do arroz no Brasil. O Executivo pretende importar até 1 tonelada do cereal para abastecer o mercado e assegurar para o consumidor final o preço de R$ 20 para o pacote de 5 quilos de arroz, na importação do produto.

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A maior parte das importações de arroz atualmente são de países do Mercosul, onde já há a vantagem da isenção tributária. Nessa primeira fase de importação serão comprados 100 mil toneladas de arroz, descascado e empacotado de países do bloco econômico.

Para atingir a meta estipulada de um milhão de toneladas, o governo deve procurar outros mercados como Tailândia e Vietnã, já que a produção de países do Mercosul não é capaz de atender a demanda. Em 2024, até abril, as compras de arroz da Tailândia já representam 18,2% do total importado.

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