Governo quer incluir prazo máximo de volta da luz em caso de chuvas na renovação de concessões de distribuidoras de energia

Entre outras novas 20 exigências, empresas terão de avaliar desempenho do abastecimento da rede por bairro e também demonstrar ter viabilidade financeira para operar

Por — Brasília


Light é uma das concessionárias de energia à espera de renovação da concessão Reprodução

O Ministério de Minas e Energia está planejando uma lista com 20 novas exigências que serão feitas às distribuidoras de energia para renovar seus contratos de concessão. Entre elas está a obrigação de a empresa cumprir um prazo máximo para restabelecer energia em caso de corte por eventos climáticos.

O ministro Alexandre Silveira afirmou nesta semana que o decreto com as renovações deve ser publicado nos próximos dias. Estão com pedido de renovação distribuidoras de sete grande grupos: Neoenergia, Enel, CPFL, Equatorial, Energisa, Light e EDP. Juntas, elas respondem por cerca de 60% do segmento de distribuição.

Entre as mudanças está a necessidade de comprovar anualmente a saúde financeira necessária para garantir a operação do serviço com qualidade.

Atualmente, o desempenho das operadoras é feito considerando a média de uma grande área de concessão, como uma cidade, por exemplo. Com as mudanças propostas agora, a análise será feita em bairros e áreas da concessão. Assim, será possível limitar a distribuição de dividendos, por exemplo, caso índices de qualidade não sejam atingidos.

Os indicadores medem basicamente a duração (DEC) e a frequência (FEC) dos desligamentos. O pano de fundo do novo modelo é o caso dos blecautes registrados pela Enel SP.

Tarifa diferenciada

Numa decisão que deve afetar a Light e a Enel RJ, haverá tarifa diferenciada em áreas de concessão com restrição de acesso em razão de problemas com segurança pública. O modelo ainda está sendo fechado, mas isso pode tirar o peso dos consumidores que moram fora dessas áreas, já que hoje todo o custo é rateado.

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O governo vai estabelecer tempo máximo para retorno de operação após eventos climáticos como chuvas e temporais, considerar a “satisfação” dos consumidores, exigir atualização anual do plano de investimentos, extensão de aportes em áreas rurais e obrigatoriedade de digitalização.

Além disso, o índice-base de reajuste dos contratos será trocado do IGP-M para o IPCA. O governo também vai cobrar melhoria do serviço de call center e canal direto com o poder público (como prefeituras), como um telefone próprio para isso.

Também será exigida a reorganização dos recursos de eficiência energética para contemplar iniciativas de modernização e combate à pobreza energética, obrigatoriedade de condições igualitárias entre funcionários e terceirizados e obrigatoriedade de atender a condições de trabalho definidas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Para cargos de direção, serão exigidos critérios de diversidade. E será necessário garantir a proteção de dados do cliente, além de criar rede de consumidores para dialogar com a empresa e o poder público.

Por fim, será feita nova regra para obrigar a cessão de infraestrutura de postes para terceiros e “preparação” para o consumidor escolher o fornecedor da energia — como no mercado livre, em que o cliente compra diretamente da geradora de energia.

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